Zelensky: “É preciso reconhecer que não conseguiremos entrar na Otan”
A guerra teve início com a exigência do governo russo de que o Ocidente negue a adesão ucraniana à Otan
atualizado
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O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reconheceu que o ingresso do país na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) pode não ocorrer. A entrada no grupo militar coordenado pelos Estados Unidos desencadeou a invasão russa, em 24 de fevereiro.
Nesta terça-feira (15/3), em uma conversa com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, Zelensky admitiu: “Entendo que a Ucrânia não poderá se juntar à Otan. É uma verdade e deve ser reconhecida”, frisou. Ele acrescentou que “as portas estão fechadas”.
Zelensky voltou a pedir apoio. “Somos todos alvos da Rússia. Ajudando a Ucrânia, vocês estão ajudando a vocês mesmos”, concluiu.
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Este é o momento mais tenso da disputa entre Rússia e Ucrânia. A guerra teve início com a exigência do governo russo de que o Ocidente negue a adesão ucraniana à Otan.
Na prática, Moscou vê essa possível adesão como uma ameaça a sua segurança. Os laços entre Rússia, Belarus e Ucrânia existem desde antes da criação da União Soviética (1922-1991).
Kiev em colapso
Os primeiros-ministros da Polônia, Mateusz Morawiecki; da República Tcheca, Petr Fiala; e da Eslovênia, Janez Janša; viajaram para Kiev nesta terça-feira.
A visita é uma sinalização de apoio à Ucrânia por parte da União Europeia. Eles são os primeiros líderes que visitam a capital ucraniana desde que a Rússia invadiu o país.
A situação de Kiev, capital ucraniana e coração do poder, é dramática. A cidade vive o segundo dia de bombardeios massivos. Civis estão na mira dos ataques.
Com risco extremo, o prefeito de Kiev, Wladimir Klitschko, decretou um toque de recolher de 35 horas na cidade coração do poder. A medida vai valer da noite desta terça-feira até a quinta-feira (15/3).
Ao menos cinco pessoas morreram nesta manhã na cidade. “Russos consideram como meta principal conquistar Kiev”, alertou Zelensky em um pronunciamento gravado.
No segundo dia consecutivo com ataques a prédios residenciais em Kiev, mais duas pessoas morreram após bombardeio russo, nesta terça-feira. De acordo com o serviço de emergência da Ucrânia, 46 indivíduos tiveram de ser resgatados.
Militares na fronteira
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) confirmou que 40 mil soldados estão na fronteira da Ucrânia. Esta é a primeira vez que a entidade militar liderada pelos Estados Unidos divulga o efetivo no Leste Europeu.
Nessa segunda-feira (14/3), em entrevista transmitida ao vivo de Bruxelas, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, fez alertas importantes sobre o recrudescimento da guerra, que completa 20 dias.
A maior preocupação é o uso de armas químicas e nucleares pelo Exército russo. Além da Otan, os Estados Unidos e o Reino Unido acusam a Rússia de planejar esse tipo de ataque.
Stoltenberg reafirmou o compromisso de defender os países aliados e as nações amigas do grupo. “Nossa principal responsabilidade é defender nossos aliados da Otan. A Rússia sabe disso. Os aliados estão de olho”, frisou.
Ele completou. “Preocupa-nos que, de fato, estejam planejando isso [uso de armas químicas e nucleares]. Qualquer uso de armas químicas será violação ao direito internacional”, concluiu.
Negociações
Sob fortes bombardeios, representantes dos presidentes Vladimir Putin, da Rússia, e Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, voltam a debater condições para a paz entre os países, mesmo que momentaneamente.
A negociação de um cessar-fogo será retomada após o encontro de segunda-feira acabar com uma “pausa técnica”. Um formalismo que significa falta de concordância político-diplomática.
Avanço russo
O porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov, afirmou que as tropas de Putin tomaram o controle de Kherson, cidade de 250 mil pessoas.
Esse foi o primeiro grande centro urbano que caiu nas mãos dos russos depois da invasão da Ucrânia. A Rússia planejou dominar cidades-chaves para ganhar acesso ao Mar Negro, importante rota comercial.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), agência de refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU), calcula que 3 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia, sendo 1,4 milhão de crianças.