Zelensky diz estar pronto para fazer concessões se conversar com Putin
Presidentes da Ucrânia e da Rússia ainda não discutiram diretamente termos para um cessar-fogo. Guerra teve início em 24 de fevereiro
atualizado
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O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou, nesta quarta-feira (9/3), que está disposto a fazer concessões para acabar com a guerra que assola a Ucrânia desde 24 de fevereiro. Zelensky, no entanto, disse que quer conversar diretamente com Vladimir Putin.
“Somente após conversas diretas entre os dois presidentes poderemos encerrar esta guerra”, ressaltou, em entrevista ao jornal alemão Bild TV.
Nas três reuniões entre Rússia e Ucrânia para discutir um cessar-fogo, apenas representantes dos dois governos compareceram. Nesta quinta-feira (10/3), os dois ministros das Relações Exteriores se reunirão, na Turquia.
Zelensky voltou a dizer que a Rússia deve ceder. “O outro lado também deve estar disposto a fazer concessões – é por isso que elas são chamadas de concessões. Essa é a única forma de sairmos desta situação. Ainda não podemos falar sobre os detalhes.”
“A questão aqui não é o que eu posso dar. Em todas as negociações, meu objetivo é acabar com a guerra com a Rússia. E também estou pronto para dar alguns passos”, disse Zelensky.
Na segunda-feira (7/3), o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a Rússia interromperá as operações militares na Ucrânia “em um instante” se o país concordar com uma lista de exigências.
A lista tem quatro itens:
- A Ucrânia tem que mudar a Constituição para conservar a neutralidade e excluir a filiação a qualquer bloco;
- Cessar a ação militar;
- Reconhecer a Crimeia como território russo; e
- Reconhecer as repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk como Estados independentes.
Em resposta, Ihor Zhovkva, chefe de gabinete de Zelensky, ressaltou nesta quarta-feira que a Ucrânia não está disposta a ceder um “único centímetro” de território à Rússia.
“Nós morremos por vocês”
Na entrevista, Zelensky ainda disse que os ucranianos também estão lutando pelos demais países europeus. A declaração foi feita enquanto o presidente comentava a possível inclusão da Ucrânia na União Europeia.
“O que está acontecendo conosco agora também pode acontecer com vocês. E isso é muito importante para mim: nós morremos por vocês também”, falou Zelensky.
No último 28 de fevereiro, quatro dias após a invasão do país, o mandatário ucraniano assinou um pedido para que a Ucrânia entrasse “urgentemente” no bloco europeu.
“Os governos que não apoiam nossa adesão à UE apontam para reformas que ainda precisam acontecer. Eles não nos veem como iguais. Ainda tenho muitas perguntas sem resposta”, finalizou Zelensky.
Ataques russos
O governo ucraniano acusou o Exército russo, no início da tarde desta quarta-feira, de executar um bombardeio contra uma maternidade em Mariupol, cidade portuária considerada fundamental para o avanço dos invasores.
A Rússia ainda não comentou o caso. Os Estados Unidos e o Vaticano condenaram o bombardeio.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pelas redes sociais, classificou o ataque como “atrocidade”. Além disso, voltou a pedir o fechamento do espaço aéreo ucraniano.
“Ataque direto de tropas russas em uma maternidade. Pessoal, crianças estão sob os destroços. Atrocidade. Por quanto tempo mais o mundo será um cúmplice, ignorando o terror? Feche o céu agora mesmo. Pare com os assassinatos. Vocês têm poder, mas parecem estar perdendo a humanidade”, escreveu Zelensky.