Polícia tenta desvendar motivação para massacre de Las Vegas
Autoridades locais e federais descartaram qualquer ligação dele com grupos terroristas, por ora, Paddock agiu sozinho matando 59 pessoas
atualizado
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O que levou um contador de 64 anos, que nunca despertou qualquer suspeita entre parentes e amigos, supostamente rico e que aparentemente se preparava para uma aposentadoria tranquila perto dos cassinos de Las Vegas, a realizar o maior massacre da história recente americana?
Essa é a pergunta que permanece sem resposta, dois dias após Stephen Paddock subir ao 32º andar do hotel Mandalay Bay com 23 armas automáticas, de diferentes calibres, e abrir fogo contra a plateia de um festival de música, deixando ao menos 59 mortos e mais de 500 feridos.
Até aqui, sabe-se que Paddock havia se hospedado no hotel em 28 de setembro. Autoridades locais e federais descartaram qualquer ligação dele com grupos terroristas, apesar de o “Estado Islâmico” ter reivindicado o ataque. Por ora, também concluíram que ele agiu sozinho.
Sabe-se também que Paddock morava desde 2013 num condomínio de aposentados em um subúrbio de Mesquite, cidade a 140 quilômetros de Las Vegas, no estado de Nevada. O local só aceita pessoas com mais de 55 anos e tem 1400 casas.
Segundo jornais da Flórida, ele também possuía uma casa em um condomínio similar no estado e dois aviões de pequeno porte, o que aponta para uma aposentadoria abastada. Em buscas realizadas em Mesquite, policiais encontraram 18 outras armas de fogo, alguns explosivos e munição.
Nada, porém, parece apontar para a motivação para o ataque. Paddock não tinha ficha criminal, com exceção de uma infração de trânsito. Uma ex-vizinha chamada Sharon Judy, de Viera, na Flórida, disse ao jornal que Paddock era um homem amigável e um apostador profissional. Outra lembra que sua casa parecia mais a de um estudante – desordenada e com poucos móveis.
Eric Paddock, irmão do atirador, disse que a família está “espantada”. Foi ele que, em 2013, ajudou Stephen a trocar a Flórida de vez por Nevada para pode jogar mais pôquer. Os dois se falaram pela última vez algumas semanas atrás, por mensagens de celular, sobre a falta de energia provocada pela passagem do furacão Irma.
A polícia chegou a informar que estava à procura da namorada de Paddock, descrita como uma “asiática” de 62 anos que aparentemente vivia com o atirador no condomínio de aposentados. Mais tarde, as autoridades afirmaram que ela não tem qualquer relação com a chacina e estava nas Filipinas quando tudo ocorreu.
Uma ex-mulher dele divulgou que eles se divorciaram há 27 anos e desde então não mantinham mais contato. Eles não tiveram filhos.
Pouco depois o irmão de Paddock revelou que o patriarca da família, chamado Patrick Benjamin Paddock, era um criminoso. Segundo a New York Magazine, Patrick era um ladrão de bancos que agiu na década de 1960 e 1970 e chegou a ser incluído na lista de dez fugitivos mais procuradores do FBI, a polícia federal americana. O pôster que mostrava a foto do velho Paddock informava que ele era “um psicopata” e “muito perigoso”. Ele foi preso em 1978 e morreu 20 anos depois.
Stephen Paddock se matou antes que a polícia invadisse seu quarto no 32º andar do hotel Mandalay Bay. Com base em relatos de sobreviventes e em vídeos do massacre, estima-se que ele tenha atirado por até dez minutos, com pausas para trocar de armas, deixando poucas chances para suas vítimas.