Polícia francesa caça atirador de Estrasburgo
O francês Chérif Chekatt, de 29 anos, é conhecido pelos serviços de inteligência da França e Alemanha
atualizado
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Autoridades francesas prenderam cinco pessoas durante a caçada ao atirador da feira de Natal de Estrasburgo, uma das mais famosas da Europa. O criminoso matou duas pessoas, feriu ao menos outras 13 e colocou a França em alerta máximo de segurança.
O governo elevou o nível de alerta e enviou reforço policial para Estrasburgo, onde cerca de 600 forças de segurança, com a ajuda de dois helicópteros, seguem à procura do atirador. Autoridades policiais relataram que o suspeito foi ferido num tiroteio com soldados, mas escapou.
A primeira informação, de que havia três mortos, foi corrigida nesta quarta-feira (12/12), com a confirmação pela polícia de duas vítimas.
Em entrevista à rádio Inter-France, o secretário de Estado do Ministério do Interior, Laurent Nuñez-Belda, afirmou que o agressor pode ter fugido para a Alemanha. Estrasburgo está localizada no extremo leste da França e apenas o Rio Reno separa a cidade francesa do território alemão. Os controles fronteiriços foram intensificados em ambos os lados.
A polícia identificou o atirador como o francês Chérif Chekatt, de 29 anos, nascido em Estrasburgo e conhecido pelos serviços de inteligência da França e Alemanha, com condenações nos dois países. De acordo com as autoridades, além de uma ficha criminal por crimes comuns na França e na Alemanha, o suspeito tinha uma “ficha S” – que designa pessoas potencialmente ameaçadoras para a segurança nacional – por motivos de radicalização.
Antes do ataque, na manhã de terça-feira (11), a polícia tentou interpelar o suspeito no âmbito de uma investigação por tentativa de homicídio, mas ele não estava em casa. No local, policiais encontraram granadas. Segundo Nuñez-Belda, Chekatt teria sido radicalizado durante suas várias estadias na prisão e a operação policial de busca em sua residência pode ter sido o estopim para o ataque. Ele foi identificado por meio de imagens de câmeras de vigilância.
Nuñez-Belda comunicou também que o aumento de 12 para 13 no número de feridos e de seis para oito no de pessoas em estado grave. Não há registros de crianças feridas. A seção antiterrorista do Ministério Público francês já informou que vai abrir um inquérito sobre o caso.
O suspeito entrou numa zona de segurança estabelecida em torno do mercado natalino e abriu fogo por volta das 20h no horário local (17h em Brasília). Após disparar várias vezes, ele foi ferido numa troca de tiros com soldados que fazem a segurança de locais públicos na França. Um policial ficou ferido. Em seguida, ele fez refém um motorista de táxi e percorreu parte da cidade de carro antes de soltá-lo. Depois, fugiu a pé.
“Ouvi dois ou três tiros, depois, gritos. Cheguei perto da janela e vi pessoas correndo. Depois, ouvi mais tiros, mais perto dessa vez”, disse Yoann Bazard, de 27 anos, que mora no centro de Estrasburgo. “Pensei que talvez fossem fogos de artifício. Mas, quando chegou perto, foi realmente chocante. Houve muitos gritos. Havia policiais ou soldados gritando ‘entrem!’ e ‘coloquem as mãos na cabeça.'”
O jornal com sede em Bangkok The Nation confirmou o relato feito por uma testemunha de que um turista tailandês é uma das vítimas. Anupong Suebsamarn, de 45 anos, morreu por um disparo na cabeça quando caminhava com a sua esposa pelo mercado natalino. O casal tinha chegado no dia anterior a Estrasburgo.
Em dezembro, a cidade costuma estar repleta de turistas por causa do tradicional mercado de Natal, o mais antigo da França, que acontece desde 1570, quando Estrasburgo era parte do antigo Sacro Império Germânico.
Nos últimos anos, a segurança do mercado foi reforçada após a França se tornar palco regular de atentados cometidos por terroristas islâmicos e após o registro de um ataque na Alemanha. Em 2016, um mercado de Natal em Berlim foi alvo de um atentado que deixou 12 mortos. O grupo Estado Islâmico reivindicou o ataque.
Em novembro de 2017, cinco pessoas suspeitas de atividades terroristas foram presas em Estrasburgo. Anos antes, a cidade já vinha aparecendo na rota do terrorismo. Em 2000, a polícia alemã prendeu quatro homens de origem argelina em Frankfurt. Eles eram suspeitos de planejar atentados a bomba no mercado de Natal e na Catedral de Estrasburgo.