“Monstro sob o nosso teto”, diz casal que acolheu atirador da Flórida
James e Kimberly Snead receberam Nikolas Cruz em sua casa depois que a mãe adotiva do rapaz morreu. O jovem matou 17 pessoas em uma escola
atualizado
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James e Kimberly Snead não faziam ideia de que abrigavam um possível assassino. Na residência do casal, em Parkland, Flórida, morava Nikolas Cruz, o jovem de 19 anos responsável pela morte de 17 pessoas na escola Marjory Stoneman Douglas, na quarta-feira passada (14/2).
“Nós tínhamos esse monstro sob o nosso teto e não sabíamos”, disse Kimberly, 49 anos, em entrevista ao jornal South Florida Sun Sentinel. “Não vimos esse lado dele”, continuou a enfermeira, que trabalha em uma UTI neonatal.
Segundo a publicação, Cruz passou a morar com os Snead depois de a mãe adotiva dele morrer de pneumonia no dia 1º de novembro de 2017. Foi o filho de James e Kimberly que pediu para os pais acolherem o jovem, e eles concordaram, embora terem percebido o estudante extremamente deprimido.“Tudo que todos parecem saber, nós não sabíamos”, afirmou James Snead, 48, um veterano do exército e analista de inteligência militar. “É simples assim.”
Kimberly afirma ter levado Cruz a um psicólogo cinco dias antes do tiroteio. Segundo ela, o jovem se mostrou aberto à terapia, mas não gostava de medicação. Ele pegou um cartão do profissional e disse que iria verificar se o plano de saúde dava cobertura para o tratamento.
James e Kimberly cresceram em famílias nas quais era natural portar armas de fogo, mas afirmam terem advertido claramente para Cruz a respeito das “regras rígidas” sobre o assunto. “Eu o avisei que seguisse todas elas rigorosamente”, disse James.
No dia em que Cruz mudou para a casa deles, o casal teria obrigado o jovem a comprar um cofre a fim de guardar as armas dele. O rapaz, que gostava de caçar, tinha vários armamentos, incluindo a AR-15 usada no ataque à escola e dois outros rifles.
James achava que tinha a única chave do cofre. O casal, inclusive, avisou Cruz que ele deveria pedir permissão para retirar armas do local. Segundo os Snead, o jovem teria pedido apenas duas vezes. “Dissemos ‘sim’ uma vez e ‘não’ na outra”.
O atirador era “mimado”, segundo Kimberly. Não sabia cozinhar nem lavar roupas. Não dirigia, mas comprou uma bicicleta, com a qual ia trabalhar em uma loja próxima.
O casal diz ter insistido para que Cruz voltasse a estudar, e ele o fez. Diariamente, a família levava o rapaz ao supletivo.
“O que mais essa família poderia ter feito para colocar esse jovem nos trilhos?”, questionou o advogado dos Snead, Jim Lewis. “Eles tentaram fazer o bem, que acabou se revelando um erro terrível.”