Estado Islâmico cobra até US$ 500 para permitir fuga de iraquianos
Porém, há facções que degolam pessoas que oferecem “suborno” para deixar a cidade. O caso vem ocorrendo em Hawika, a 180 quilômetros de Mosul
atualizado
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Mosul, maior cidade sob controle do Estado Islâmico (EI), dominou as manchetes nos últimos dias por conta da ofensiva do Exército do Iraque para retomá-la. No entanto, a 180 quilômetros dali, outro município passa por uma grave crise humanitária.
Em Hawija, também comandada pelo EI, o grupo terrorista cobra até US$ 300 (R$ 936) de homens que queiram fugir e US$ 500 (R$ 1.560) de mulheres. Além disso, crianças não conseguem escapar nem pagando, já que são mantidas reféns e forçadas a estudar a doutrina da milícia.
As denúncias foram feitas à ANSA por sobreviventes que conseguiram fugir de Hawija nadando por horas até postos das forças curdas na região e chegaram ao campo de refugiados de Dibaga, a cerca de 100 km de distância.Em espécie
Os valores precisam ser pagos em dinheiro vivo, mas não são todos os membros do Estado Islâmico que aceitam esse método. Há facções que degolam pessoas que oferecem “suborno” para deixar a cidade. E essa não é a única maneira de aterrorizar os moradores de Hawija. Dois meses atrás, 100 civis foram executados sob a acusação de serem espiões ou não respeitarem as regras impostas pelo EI.
Lar para 30 mil pessoas, o campo de Dibaga é administrado por uma ONG chamada Fundação Barzani, mas convive com as restrições comuns a esse tipo de local. “Há um mês temos apenas pão e a água do rio”, conta um solicitante de refúgio.
O medo ainda impera. Reunidos em uma mesquita, os jovens pedem que seus rostos não sejam mostrados e só contam suas trágicas histórias quando têm a certeza de que não serão identificados. Mulheres e crianças ficam em uma escola, já que, por razões de segurança, elas foram separadas dos homens.
“Se aqueles do EI tivessem visto meu rosto, teriam cortado minha garganta”, conta uma adolescente que caminhou por 13 horas para chegar ao campo. “O futuro? Certamente será melhor do que aquilo que vivemos nestes dois anos em Hawija”, acrescenta.