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Atentado à boate em Istambul aprofunda crise na Turquia

O governo turco confirmou que, entre os 39 mortos, 24 eram estrangeiros de 15 nacionalidades diferentes. O atirador conseguiu fugir

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Gun attack at a night club in Istanbul
1 de 1 Gun attack at a night club in Istanbul - Foto: Reprodução

Um atentado em uma discoteca de luxo de Istambul fez pelo menos 39 mortos e dezenas de feridos. O local considerado como um destino de celebridades seculares e de milionários de todo o Oriente Médio celebrava o Ano Novo em uma festa para 600 pessoas quando um homem abriu fogo. O atirador conseguiu escapar, levando o governo turco a colocar Istambul em um estado de alerta e aprofundando a instabilidade no país.

A Turquia vem sendo alvo de uma série de atentados, tanto contra a população civil, como contra autoridades, policiais e mesmo diplomatas estrangeiros. Desde 2015, foram 19 ataques, com mais de 400 mortos. Em um mês, esse foi o quarto ataque.

Por esse motivo, dezenas de festas pela Turquia foram canceladas no dia 31 de dezembro, enquanto milhares de policiais foram destacados pelo país, inclusive vestidos de papai noel e outros disfarces para não chamar a atenção.  Desta vez, o atentado teve outro significado simbólico: o de causar terror entre a elite do país, popstars e turistas de alta renda. A boate que sofreu o atentado – o Reina – fica num dos locais mais privilegiados do estreito de Bósforo e suas festas atraem modelos, jogadores de futebol, empresários e os VIPs de toda a região.

Até o fechamento desta edição, não houve uma reivindicação do atentado. Mas autoridades turcas declararam às agências oficiais que o ataque teve um “caráter terrorista”. Outros 69 feridos foram transferidos a hospitais. O Partido dos Trabalhadores Curdos rapidamente tomou distância do atentado, alertando que não aceitariam a morte de civis inocentes. Há poucas semanas, curdos foram os responsáveis por um ataque em um estádio de futebol, causando 46 mortos. A maioria eram policiais.

Já o governo deu indicações que já teria indícios da identidade do autor e o ataque coincide com o apelo feito pelo líder do Estado Islâmico, Abu Bakr Al Baghdadi, de convocar seus militantes a atacar a Turquia. O ataque ainda ocorreu poucos dias depois que o o grupo Nashir, próximo do EI, divulgou três mensagens pedindo que jihadistas transformassem as festas no Ocidente em “dias de terror”. O grupo sugeria atentados contra teatros, mercados e boates. “Transforme suas festas em lamentos e em funerais”.

Por não ser uma festa muçulmana, o Ano Novo também foi alvo de críticas por clérigos radicais do país. O ataque também coincide com o avanço turco em áreas controladas pelo EI, como na cidade de Al Bab.

Um dos sobreviventes indicou que o autor do atentado gritava “Allahu Akbar” (Allá é grande) durante o ataque. O presidente turco Tayyip Erdoğan prometeu lutar contra o terrorismo “até o fim” e acusou os autores de estarem tentando “criar o caos, desmoralizar o povo e desestabilizar o país”.

Com a elite turca sob ataque, Erdogan deve ser alvo de uma pressão ainda maior, o que ameaça afetar a situação do governo turco. “Faremos todo o necessário para garantir a segurança dos cidadãos e a paz na região”, disse.

O atentado ocorreu por volta da 1:15 am, 21.15h do horário brasileiro. Segundo o governador da cidade, Vasip Sahin, o atirador matou um policial e uma outra pessoa para entrar na boate. O policial havia sobrevivido ao atentado no estádio de futebol, no início de dezembro.

“Uma vez dentro do local, ele (o terrorista) então conduziu um ato de violência e crueldade, distribuindo tiros em pessoas inocentes”, disse Sahin. Para escapar, alguns dos convidados se atiraram no estreito de Bósforo.  “Quando os disparos foram ouvidos, muitas mulheres desmaiaram”, disse às agências de notícia Sefa Boydas, um jogador de futebol que estava na festa. “Falam entre 35 e 40 mortos. Mas eu acho que será mais. As pessoas estavam caminhando sobre corpos”, disse.

O governo turco confirmou que, entre os 39 mortos, 24 eram estrangeiros de 15 nacionalidades diferentes. Foram vítimas jordanianos, sauditas, israelenses, sírios, libaneses, além de um belga, um francês e filhos de políticos indianos.

Caça
 As autoridades turcas haviam colocado 17 mil policiais nas ruas da cidade para garantir o ano novo e o próprio dono da boate, Mehmet Kocarslan, garantiu que a segurança havia sido reforçada depois de alertas emitidos pelos serviços de inteligência dos EUA.

Mas até a noite de ontem, a polícia local promovia uma caça ao autor do atentado, que deixou sua arma no local da festa e estava foragido. Uma das teses é de que o suposto terrorista se passou por um dos feridos para conseguir escapar em meio ao caos. Com 300 câmeras espalhadas pela boate, a à boateesperança das autoridades é de que a identidade do suspeito fosse logo possível.

Durante o dia, havia certa confusão sobre o que teria ocorrido na boate. Testemunhas chegaram a falar em dois atiradores e mesmo citando o fato de estarem vestidos de papais noel. Mas o ministro do Interior, Süleyman Soylu, insiste que foi apenas um e que ele não estava disfarçado. “Uma caça ao terrorista está sendo realizada. A polícia já lançou a operação e esperamos que ele seja capturado em breve”, disse.

Diversos governos condenaram o ataque. A Casa Branca classificou o atentado como “selvageria”. Mas manteve seu alerta aos cidadãos americanos sobre os riscos de fazer viagens neste momento a locais turístico da Turquia. Barack Obama, presidente americano, ofereceu ajuda.

O governo saudita também declarou seu apoio a Erdogan em sua “luta contra o terrorismo e extremismo”. O presidente russo Vladimir Putin, que tenta uma aproximação com Erdogan, também condenou os ataques, enquanto o papa Francisco pediu que o mundo rezasse pelas vítimas.

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