Vídeo: Rússia e Ucrânia investigam suposta tortura de soldados
Gravação mostra supostos soldados ucranianos removendo três russos encapuzados de uma van. Eles foram alvejados nas pernas
atualizado
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Os governos russo e ucraniano afirmam ter iniciado uma investigação para apurar um suposto caso de tortura a soldados russos feitos prisioneiros de guerra.
Um vídeo mostra supostos soldados ucranianos removendo três russos encapuzados de uma van antes de atirar nas pernas deles. O comandante militar ucraniano, Gen Valerii Zaluzhnyi, acusou a Rússia de manipular a gravação.
“O inimigo produz e compartilha vídeos com o tratamento desumano de supostos ‘prisioneiros russos’ por ‘soldados ucranianos’ para desacreditar as forças de defesa ucranianas”, acusa Zaluzhnyi.
Oleksiy Arestovych, conselheiro do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que se o vídeo for verdadeiro, é “um comportamento absolutamente inaceitável”.
As imagens mostram supostos soldados russos deitados no chão sendo fortemente espancados e baleados nas pernas à queima-roupa. Os homens são interrogados por militares armados.
A gravação induz que alguns dos feridos aparentemente morreram durante o interrogatório.
Reunião
Cercados de pressão por todos os lados, representantes da Rússia e da Ucrânia tentarão, mais uma vez, selar um acordo de cessar-fogo para por fim aos bombardeios ao território ucraniano. A retomada ocorre após dias de estagnação, com direito a queixas públicas dos dois lados. Paralelamente à negociação empacada, mísseis cada vez mais potentes foram usados pelos russos em focos pontuais.
Novamente a Turquia será anfitriã para a conversa entre os representantes dos governos russo e ucraniano. É a segunda vez que o país abriga esse tipo de reunião diplomática desde o início do conflito, em 24 de fevereiro.
O primeiro, e considerado até então o encontro mais emblemático, reuniu pela única vez os chefes da diplomacia russa, Sergey Lavrov, e ucraniana, Dmytro Kuleba. Terminou sem acordo e com uma severa troca de acusações.
Nesta segunda-feira (28/3), o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, será o anfitrião da reunião político-diplomática. A primeira ocorreu quando a guerra completa 15 dias. Agora, já são 32.
O encontro ocorrerá com mais um sinal de Zelensky de que pode ceder a uma das principais reivindicações da Rússia. Em entrevista dada a jornalistas independentes russos e revelada no domingo (27/3), ele declarou que a Ucrânia está aberta a discutir a adoção de uma política de neutralidade como parte do acordo de paz, e que considera fazer concessões sobre o domínio da região de Donbass — situada no leste do país e considerada separatista pró-Rússia.
Ele, porém, impõe condições: desde que obtenha garantias de segurança de outros países e que o acordo passe por um referendo entre os ucranianos.
O governo turco, em comunicado, confirmou que Erdogan conversou com Putin por telefone e que ressaltou a necessidade de um cessar-fogo. Além disso, pediu melhorias nas condições humanitárias na Ucrânia.
O país comandado por Recep Tayyip Erdogan tem defendido uma solução pacífica para o conflito e se oferecido para mediar a construção de uma alternativa à guerra. Os turcos tentam se equilibrar entre seus compromissos com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), da qual fazem parte, e a amizade com o presidente Vladimir Putin.
A possibilidade de entrada da Ucrânia na Otan foi justamente o que desagradou a Rússia e desencadeou a invasão. Na prática, Moscou vê essa possível adesão como uma ameaça à sua segurança.
A quinta rodada de negociação — outras tiveram mais de uma reunião, por causa de “pausas técnicas”— foi confirmada por David Arakhamia, um dos coordenadores da delegação ucraniana que negocia o possível acordo. A previsão é que as negociações ocorram até quarta-feira (30/3).
Dmytro Kuleba pressionou os russos e afirmou, na sexta-feira (25/3), que as conversas estão “muito difíceis”. O negociador russo, Vladimir Medinsky, admitiu que o diálogo não está fluindo.
“Divisão da Ucrânia”
Reparar os laços ou pelo menos atenuar a tensão no Leste Europeu tem sido uma tarefa delicada. Apesar de a Rússia ter perdido espaço no território ucraniano, a violência dos ataques está centrada em áreas nas quais os russos querem impedir a retomada ucraniana, sobretudo no leste.
No fim de semana, autoridades ucranianas acusaram a Rússia de tentar dividir a Ucrânia, como ocorreu com a separação das duas Coreias, no fim da Segunda Guerra Mundial.
“De fato, é uma tentativa de criar a Coreia do Sul e do Norte na Ucrânia”, denunciou, no domingo (27/3), o chefe da inteligência militar da Ucrânia, Kyrylo Budanov.