metropoles.com

Vídeo. O drama da médica brasileira que fugiu da guerra na Ucrânia

Amarílis Tomaz Cabral, de 28 anos, que morava há cinco na Ucrânia, conta ao Metrópoles os desafios de fugir da guerra

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Yasin Ozturk/Anadolu Agency via Getty Images
Famílias de refugiados afegãos fogem de Cabul pelo Aeroporto Internacional Washington Dulles
1 de 1 Famílias de refugiados afegãos fogem de Cabul pelo Aeroporto Internacional Washington Dulles - Foto: Yasin Ozturk/Anadolu Agency via Getty Images

“É horrível. Você escuta a sirene, os aviões voando baixo.” Assim a médica brasileira Amarílis Tomaz Cabral, de 28 anos, que morava há cinco na Ucrânia, conta como foi o primeiro dia de guerra. Naquele 24 de fevereiro ela se abrigou no banheiro com esperança de não se machucar.

Amarílis cruzou todo o país até chegar na fronteira com a Hungria. Foram cinco dias. “Andei a pé, de trem, de ônibus, dormi em uma escola que servia de abrigo”, conta.

Clique aqui e veja a cobertura completa da guerra na Ucrânia.

A guerra chega ao 20º dia sem indícios de trégua. Russos e ucranianos se reúnem novamente nesta terça-feira (15/3) para tentar  negociar um cessar-fogo, mas até agora todas as outras conversas fracassaram.

A médica lamenta e vaticina: algo precisa ser feito. A Ucrânia está encurralada. “É a Rússia contra a Ucrânia. A Ucrânia não se preparou para invadir ninguém. Ela está se defendendo”, pondera.

Em conversa com o Boletim Metrópoles, programa do portal exibido no YouTube, Amarílis compartilha o sentimento de voltar para casa. Ela chegou ao Brasil na quarta-feira (9/3), junto com outros brasileiros resgatados pela Força Aérea Brasileira (FAB).

“Embarcar foi uma alegria muito grande. Diferente deles, a gente tem a opção de voltar para casa. Passagem de vinda para paz de novo”, salienta.

Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista de Amarílis Tomaz Cabral.

O que você viu e viveu no confronto?

Foram momentos únicos, caóticos. Quando se pensa em bombardeio, em guerra, é muito longe. Foi algo muito complicado.

No dia a dia, dava para perceber a tensão entre os países?

Tem oito anos que o território ucraniano vem sofrendo invasões [diz, se referindo à Crimeia]. Hoje temos Donetsk e Luhansk. Existe um conflito constante, mas não tão intenso. Isso desde 2014. Desde outubro, percebemos que uma mudança estava acontecendo. Os nacionais, a resistência estavam se preparando melhor. Começou propaganda sobre a guerra, o risco do conflito.

Como os ucranianos avaliam isso?

É a Rússia contra a Ucrânia. A Ucrânia não se preparou para invadir ninguém. Ela está se defendendo. Os países não estão ajudando. Agora estamos vendo uma movimentação maior. Quando chegaram os soldados na fronteira foi surreal. Foi uma tensão muito grande.

Como você fazia para se proteger dos bombardeios? 

Temos que ir para o banheiro e deitar na banheira. Quando tem um bombardeio, a gente tem que ficar longe das coisas que têm vidro. Portas e janelas estouram e a pessoa pode se machucar. O banheiro é o lugar mais seguro. É horrível. Você escuta a sirene, os aviões voando baixo. Um barulho ensurdecedor. Uma incerteza grande. São momentos de terror.

A população foi orientada sobre esse método?

Ninguém sabia quando seria o primeiro dia de guerra. Quando houve o bombardeio em múltiplos locais, às 5h (pelo horário local), não tocou sirene para avisar. Tem propaganda na TV ensinando o que fazer, se estiver na rua, tem que deitar e proteger os ouvidos e a cabeça. E rezar. Realmente, é muito rápido, e fazemos o que podemos para viver. Ir para o bunker é a opção mais segura.

O que você sentiu quando embarcou rumo ao Brasil?  

Alívio. Foi o fim de uma caminhada longa. Eu morava no leste e tive que cruzar a Ucrânia inteira para chegar na fronteira até a Hungria. Andei a pé, de trem, de ônibus, dormi em uma escola que servia de abrigo. Embarcar foi uma alegria muito grande. Diferente deles, a gente tem a opção de voltar para casa. Passagem de vinda para paz de novo.

Como foi o voo? Vocês conversavam? 

A maioria não se conhecia. Cada um teve sua individualidade, o seu caminho. Passei todo o voo calada, olhando a caixa do meu cachorro.

13 imagens
A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
1 de 13

A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
2 de 13

A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
3 de 13

A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
4 de 13

Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

Getty Images
5 de 13

Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
6 de 13

Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
7 de 13

A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

Kutay Tanir/Getty Images
8 de 13

Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
9 de 13

Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
10 de 13

Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

Elena Aleksandrovna Ermakova/ Getty Images
11 de 13

Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

Will & Deni McIntyre/ Getty Images
12 de 13

O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
13 de 13

Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

 

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?