1 de 1 Mulher invade estúdio em protesto contra a guerra
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A jornalista Marina Ovsyannikova, editora da emissora russa Channel One, invadiu o estúdio de um jornal ao vivo na Rússia, nesta segunda-feira (14/3), segurando um cartaz em protesto contra a guerra na Ucrânia.
“Parem a guerra. Não acreditem na propaganda. Eles estão mentindo para você”, dizia o cartaz. Enquanto mostrava o papel, a jovem gritava: “Parem a guerra! Não à guerra!”, em russo.
A imagem logo é cortada para uma reportagem gravada.
Veja o vídeo:
Ovsyannikova foi presa e levada à delegacia de polícia de Moscou, sob acusação de ter “descreditado as Forças Armadas russas”. A lei foi aprovada no início deste mês, e prevê até 15 anos de prisão para quem descumprí-la.
Logo após o protesto, o sistema OVD-Info, que monitora prisões de opositores ao Kremlin, divulgou um vídeo em que Ovsyannikova pede desculpas pelo seu trabalho no Channel One. A emissora é uma das que apoia o governo russo e costuma se referir à guerra como “operação militar especial” feita para “desnazificar” a Ucrânia.
“O que está acontecendo na Ucrânia é um crime, e a Rússia é agressora. A responsabilidade pela agressão é de um homem: Vladimir Putin. Meu pai é ucraniano, minha mãe é russa, e eles jamais foram inimigos”, afirma no vídeo. “O mundo inteiro virou as costas para nós, e nem dez gerações de nossos descendentes vão limpar essa guerra fratricida.”
Pelo Twitter, Pavek Chikov, chefe da Associação Agora de Direitos Humanos, disse que designou um advogado para acompanhar o caso.
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra
Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro
Kutay Tanir/Getty Images
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta
OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território
AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território
Elena Aleksandrovna Ermakova/ Getty Images
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo
Vinícius Schmidt/Metrópoles
Reunião para negociar cessar-fogo acaba sem consenso
Terminou sem consenso mais uma reunião entre russos e ucranianos. A negociação de um cessar-fogo será retomada na terça-feira (15/3). O encontro acabou com uma “pausa técnica”.
Representantes da Rússia e da Ucrânia conversaram por videoconferência para tentar solucionar o conflito que já dura 19 dias. A invasão começou em 24 de fevereiro.
Os ataques se tornaram mais violentos nos últimos dias. Kiev, capital ucraniana e coração do poder, está cercada. Civis são alvo de bombardeios.
As conversas foram classificadas como “difíceis” pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
“Foi feita uma pausa técnica nas negociações até amanhã, para trabalho adicional nos subgrupos de trabalho e esclarecimento de definições individuais. As negociações continuam”, informou um dos principais negociadores ucranianos, Mykhailo Podoliak.