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Vídeo. Brasileira abre as portas de casa para refugiados na Alemanha

Camila David, de 29 anos, mora em Berlim e já recebeu uma família de refugiados. O grupo de quatro pessoas deixou a Ucrânia de carro

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Refugiados ucranianos chegam de trem em estação de Krakov, na Polônia. No colo de uma delas, está um cachorro - Metrópoles
1 de 1 Refugiados ucranianos chegam de trem em estação de Krakov, na Polônia. No colo de uma delas, está um cachorro - Metrópoles - Foto: null

Brasileira, 29 anos, moradora de Berlim. Há três anos, a analista e estudante Camila David passou a viver na Alemanha. Jamais imaginou que assistiria a uma guerra tão de perto.

Para ela, o confronto na Ucrânia, no Leste Europeu, não é só manchete de jornal. Mudou como ela enxerga o mundo. Mas não somente. Mudou sentimentos. Camila não ficou parada. Decidiu abrir as portas de casa para receber refugiados do conflito.

Clique aqui e leia a cobertura completa da guerra na Ucrânia. 

Camila se juntou a incontáveis voluntários por toda a Europa que, numa campanha de solidariedade espontânea, ajudam ucranianos atormentados pela invasão russa. Eles doam comida, cedem abrigo, angariam roupas e ajudam na fuga.

Na sexta-feira (18/3), a brasileira contou ao Metrópoles, em entrevista registrada em vídeo, como tem sido a experiência. Ela já recebeu uma família de ucranianos com duas crianças de 2 e 11 anos.

A brasileira participa de grupos em aplicativos de mensagens que reúnem pessoas que se disponibilizam a ajudar como também famílias ucranianas que pedem socorro.

“Num sábado, uma pessoa me ligou e disse que uma família estava chegando a Berlim em 20 minutos. Corri para casa e organizei tudo”, lembra.

O horror da guerra não deixa tempo hábil para uma grande preparação para a fuga. A família recepcionada por Camila soube por telefone que a cidade estava sendo atacada. “O terror é tão grande que ficam anestesiados”, comenta.

O conflito na Ucrânia chega ao 24º dia neste sábado (19/3). Russos e ucranianos tentam, ainda sem sucesso, negociar um cessar-fogo. O medo de que o conflito saia do controle deixa Camila temerosa.

“Se a guerra chegar na Polônia, vira uma guerra mundial. Não é agradável para ninguém. Todo mundo fica com o pé atrás”, frisa.

Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista de Camila David.

O que te motivou a abrir as portas de casa para receber os refugiados?

Porque está complicado para eles acharem um lugar para ficar. A guerra está aqui ao lado. De certa forma, é bom estar em uma posição de ajudar.

Como foi a organização dessa ajuda?

Foi bem de repente. Estou em grupos do Telegram nos quais várias famílias ucranianas e pessoas que podem ajudar estão. Me inscrevi em listas disponibilizando a casa. Num sábado, uma pessoa me ligou e disse que uma família estava chegando a Berlim em 20 minutos. Corri para casa e organizei tudo. Eles precisavam parar para almoçar e tomar banho. Estavam indo para Hamburgo.

O que eles contam da fuga?

Fiquei impressionada. Eles estavam abertos para falar, otimistas. A criança acreditava que eles voltariam rápido para casa. A forma de sair é de repente. Eles moram perto do aeroporto, e o pai recebeu uma ligação que estava sendo bombardeado. Pegou o carro, buscou a família e foram para a Polônia. Não teria uma motivação estratégica para a cidade dele ser atacada.

Eles tinham medo, desespero?

Eles estavam exaustos. Estavam viajando de carro há muito tempo sem parar. O homem estava com medo por ter fugido, porque os homens não podem sair da Ucrânia. O terror é tão grande que ficam anestesiados.

Como a população está observando a guerra?

Os protestos têm muitos russos, e eles são contra a guerra. Isso tem gerado uma comoção muito grande em Berlim. Sinto que o espírito de ajudar está forte.

Você tem medo de que a guerra saia do controle?

Se a guerra chegar na Polônia, vira uma guerra mundial. Não é agradável para ninguém. Todo mundo fica com o pé atrás.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

Getty Images
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

Kutay Tanir/Getty Images
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

Elena Aleksandrovna Ermakova/ Getty Images
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

Will & Deni McIntyre/ Getty Images
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

 

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