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Venezuela: “Intervenção militar é última opção”, diz Juan Guaidó

Líder oposicionista reconhece que a tomada do poder deverá demorar, mas diz acreditar que o presidente Maduro está cada vez mais isolado

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Juan Guaidó
1 de 1 Juan Guaidó - Foto: REPRODUÇÃO/TWITTER

O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, negou, nesta quinta-feira (02/05/2019), que a tentativa de pressionar o presidente Nicolás Maduro na terça-feira (30/05/2019), a qual começou com um vídeo convocando as Forças Armadas, tenha sido derrotada. O líder oposicionista afirmou que está consciente de que o processo de tomada do poder pode ser longo, mas assegura que Maduro está cada vez mais isolado. Em entrevista exclusiva ao jornal Folha de S.Paulo, o oposicionista afastou, por ora, o uso da força.

“Eu não excluo a intervenção militar, por que já está muito claro o que é o regime de Maduro. Mas essa seria a última opção. Antes é pressionar como seja possível para uma transição livre”, disse Guaidó. “Nós sempre oferecemos alternativas, diálogo, eleição, só que eles sempre se negam, se fecham. Por isso é que não excluo a intervenção, mas não é o modo como nós gostaríamos”, completou.

Um dia antes do aniversário de dois anos de sua filha, Miranda, de quem está separado há quase um mês, Juan Guaidó afirmou, na entrevista realizada em Caracas, que não se importa com os sacrifícios pessoais que está sendo obrigado a fazer neste momento.

“Estou com muitas saudades delas, mas agora a prioridade é a luta pela Venezuela”, ressaltou que Miranda está com a mãe, Fabiana Rosales, nos Estados Unidos.

A pedido de Guaidó, por questão de segurança, o local onde a entrevista foi concedida não pode ser revelado. Segundo a reportagem, o oposicionista estava de bom humor, risonho e vestia terno. Tinha acabado de ter uma reunião e teria outras mais.

Para ele, o movimento iniciado na terça-feira (30/05/2019) de fato não alcançou o objetivo esperado, mas acredita que a saída de Maduro do poder é questão de tempo. “Tivemos muita mobilização de gente na rua, mas a ditadura não caiu. O que esperávamos é o que esperamos todos os dias, uma transição ordenada para a democracia”, observou.

Adesão das Forças Armadas
“Sabemos que somos maioria e que só nos falta exercê-la, construir as capacidades necessárias para ir à transição. Há um elemento fundamental nesses processos de sair de uma ditadura para a democracia que é a adesão das Forças Armadas. Na terça, houve várias e importantes adesões que nos permitiram realizar o ato e estimular novas ações, que estão ocorrendo todos os dias”, falou.

Guaidó diz acreditar que mais militares vão se juntar aos oposicionistas. “Lamentavelmente não ocorreu de uma vez nesse dia, o que causa certa frustração, eu sei, porque há muita expectativa de um desenlace feliz. Mas foi um gesto nobre o desses militares que aderiram, que foram às ruas, e sabemos que haverá mais”, reforçou.

O líder da oposição ainda descarta que tenha liderado uma tentativa de golpe. “A tipificação está aberta à interpretação, mas, para nós, pela Constituição, eu sou o presidente encarregado da Venezuela, portanto, esses militares que estão comigo agora são militares leais à Constituição. Para mim, um golpe de Estado só seria possível se eu fosse preso. Foi uma rebelião pacífica”, declarou.

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