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Venezuela: governo prende ao menos 120 menores de idade em protestos

Jornal The Washington Post denuncia detenção de menores de idade no país. Jovens são acusados de terrorismo após protestos da oposição

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Um jovem manifestante escreve slogans na calçada durante protesto contra o governo de Nicolás Maduro nas ruas de Caracas, em 2 de fevereiro de 2019 - Metrópoles
1 de 1 Um jovem manifestante escreve slogans na calçada durante protesto contra o governo de Nicolás Maduro nas ruas de Caracas, em 2 de fevereiro de 2019 - Metrópoles - Foto: Marco Bello/Getty Images

Ao menos 120 menores de idade foram presos pelas forças de segurança da Venezuela, acusados de terrorismo, denuncia o jornal norte-americano The Washington Post. As detenções ocorreram após uma onda de protestos contra o resultado das eleições presidenciais venezuelanas deste ano, que, de acordo com a oposição do país, foi fraudado pelo presidente recém-eleito, Nicolás Maduro.

Ainda de acordo com o jornal, 100 desses menores, de até 13 anos, ainda estão sob custódia do Estado.

O The Post entrevistou cinco famílias que dizem que seus filhos adolescentes foram presos. Segundo os relatos, os menores foram mantidos em instalações juvenis sob controle rigoroso, de estilo militar. Eles ainda teriam relatado aos familiares que suas visitas e comida eram restringidas, caso se comportassem mal, e que eram agredidos pelos oficiais.

Em anonimato, mãe e filho falaram ao jornal. De acordo com eles, era cerca de 1h quando 17 agentes de contrainteligência militar arrombaram a porta da casa da família e a invadiram. Os policiais apontaram rifles para a mulher, de 40 anos, e para seu filho, de 5 anos. Os agentes empurraram seu filho de 15 anos contra a parede, o algemaram e deram um tapa em seu rosto, até que ele revelou o nome de um amigo. Então, eles arrastaram o jovem para uma van.

Detenção

O adolescente teria ficado detido por 20 dias, sete deles foram sem ter contato com a família.

Durante a prisão, ele relatou que foi mantido em uma sala quente e lotada, com apenas um banheiro aberto. “Meus amigos lá, todos ficaram doentes por causa da comida. Eles passaram noites vomitando”, ele disse. “Os seguranças ficavam dizendo que não havia médicos ou remédios.”

O número de crianças presas na Venezuela, de acordo com o jornal, ultrapassou os números registrados durante campanhas de repressão na região. A ditadura militar argentina, entre as décadas de 1970 e 1980, prendeu 151 menores de idade em sete anos. O regime chileno, de 1974 a 1990, prendeu 956 crianças, cerca de 56 por ano.

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Manifestantes com os rostos cobertos deitam nas rua enquanto protestam
Manifestantes cobrindo o rosto posam para foto
Manifestantes com os rostos cobertos sentam-se em rua de Caracas
Um jovem manifestante escreve slogans na calçada durante protesto contra o governo de Nicolás Maduro nas ruas de Caracas, em 2 de fevereiro de 2019
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Manifestantes com os rostos cobertos sentam-se na rua enquanto protestam contra o governo de Nicolás Maduro em 2 de fevereiro de 2019 em Caracas, Venezuela

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Manifestantes com os rostos cobertos sentam-se em rua de Caracas

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Um jovem manifestante escreve slogans na calçada durante protesto contra o governo de Nicolás Maduro nas ruas de Caracas, em 2 de fevereiro de 2019

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Segundo o The Post, a maioria desses jovens vem de bairros da classe trabalhadora, que, historicamente apoiaram Chávez e Maduro, mas que parecem ter passado para a oposição no último mês.

Sem advogados

Nenhum deles teria tido cesso a um advogado particular, afirmou o grupo de assistência jurídica Foro Penal. Muitos foram detidos por pelo menos uma semana antes de serem autorizados a contatar suas famílias. “Antes, pelo menos tínhamos acesso às pessoas presas e estaríamos presentes se houvesse alguma denúncia de tortura”, disse Alfredo Romero, presidente do Foro Penal. “Todo mundo tem medo de falar.”

“Há uma ação direcionada contra ativistas de direitos humanos”, contou Luis Armando Betancourt, advogado no estado de Carabobo, onde pelo menos 23 adolescentes foram presos. “Mesmo com a autorização expressa das famílias, eles não estão nos permitindo acesso a ninguém.”

Ao jornal norte-americano, as famílias entrevistadas disseram que planejam deixar o país assim que seus filhos forem libertados.

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