metropoles.com

Vaticano faz autocrítica em relatório sobre pedofilia na Igreja

Comissão para a Proteção dos Menores do Vaticano critica falta de transparência e cobra que destituição de padres seja mais rápida

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Massimo Valicchia/NurPhoto via Getty Images
Papa Francisco celebra missa de encerramento da 16ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos na Basílica de São Pedro, no Vaticano, em 27 de outubro de 2024 - Metrópoles
1 de 1 Papa Francisco celebra missa de encerramento da 16ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos na Basílica de São Pedro, no Vaticano, em 27 de outubro de 2024 - Metrópoles - Foto: Massimo Valicchia/NurPhoto via Getty Images

Nesta terça-feira (29/10), a Comissão Pontifícia para a Proteção dos Menores do Vaticano publicou o seu primeiro relatório de auditoria sobre a implementação de procedimentos para melhor combater crimes de pedofilia na Igreja Católica, a pedido do papa Francisco. Embora o relatório contemple uma nova conscientização, também indica o caminho que ainda é preciso ser percorrido pela instituição religiosa em todo o mundo.

Embora os autores do relatório demonstrem uma maior conscientização da Igreja para os crimes de pedofilia, os mesmos notam que as disparidades regionais são, ainda, muito acentuadas. “Para algumas Igrejas, o problema dos abusos é reconhecido e publicitado há mais de uma geração, enquanto para outras – nomeadamente em África e na Ásia – ainda não se tornou uma questão pública na sociedade”, lamenta a comissão, que divulgou o relatório nesta terça-feira.

Segundo o Vatican News, que destacou o documento de 50 páginas em seu site, o relatório responde ao apelo feito pelo papa Francisco no final da sua plenária de abril de 2022, no seu discurso à Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, criada pelo próprio pontífice em 2014 para propor as iniciativas mais adequadas para prevenir os abusos dentro da Igreja.

Relatório faz críticas à própria Igreja

Embora a comissão seja um organismo do Vaticano, não hesita em criticar a falta de transparência no seio da própria Cúria Romana. Por exemplo, o Dicastério para a Doutrina da Fé – departamentos do governo da Igreja Católica- , cuja seção disciplinar é responsável pelos casos mais graves de crimes sexuais, é criticado pela sua falta de números e pela opacidade dos seus procedimentos canônicos. “Uma falta de transparência que só alimenta a desconfiança dos fiéis e, em particular, das vítimas”, afirma o relatório.

A Igreja Católica deve acelerar os processos de demissão dos clérigos implicados em casos de crimes de pedofilia, segundo o documento. O relatório aponta “a necessidade de racionalizar e acelerar o processo de demissão” assumido pelos clérigos em causa. Não especifica se este processo deve ter lugar em caso de suspeita e denúncia, ou no final de um processo judicial – canónico ou civil -, acrescentando apenas: “quando se justificar”.

A partir de agora, a Comissão de Proteção de Menores publicará um novo relatório todos os anos, com quatro prioridades: verdade, justiça, reparação e garantias de que os crimes de pedofilia não se repetirão.

Análise de Igrejas locais

Segundo o Vatican News, um dos capítulos do Relatório Anual foca nas Igrejas locais, apresentando uma análise de várias instituições eclesiais. A comissão reconhece a importância de acompanhar os líderes da Igreja local na responsabilidade de implementar políticas preventivas e responsivas.

Os autores do relatório também prometem “trocas de dados padronizadas com os bispos locais e superiores religiosos”, explicando que a revisão de políticas e procedimentos de salvaguarda pelos bispos ocorre por meio do processo ad limina (visitas obrigatórias quinquenais ao Vaticano), ou a pedido especial de uma Conferência Episcopal, ou de um dos grupos regionais da comissão.

O órgão passa a analisar entre 15 e 20 Igrejas locais a cada ano, com o objetivo de examinar toda a Igreja ao longo de cinco a seis relatórios anuais.

Cada um dos documentos também inclui uma análise de institutos religiosos selecionados. As Conferências Episcopais deste ano incluem México, Papua-Nova Guiné e Ilhas Salomão, Bélgica e Camarões. As conferências que tiveram visitas ad limina durante o período incluem Ruanda, Costa do Marfim, Sri Lanka, Colômbia, Tanzânia, República Democrática do Congo, Zimbábue, Zâmbia, Gana, República do Congo, África do Sul, Botsuana, Suazilândia, Togo e Burundi.

Os institutos religiosos abrangidos pelo relatório são os Missionários da Consolata (mulheres) e a Congregação do Espírito Santo (homens).

Falta de estruturas e serviços

Em sua análise das Igrejas locais, a Comissão observa que “enquanto algumas entidades e autoridades da Igreja demonstram um claro compromisso com a proteção, outras estão apenas começando a assumir a responsabilidade da Igreja” de lidar com o abuso.

Em alguns casos, a Comissão encontra uma “preocupante falta de estruturas de denúncia e serviços de acompanhamento de vítimas/sobreviventes, conforme exigido pelo Motu Proprio Vos estis lux mundi (expressão em latim que significa Por iniciativa própria, vós sois a luz do mundo), documento publicado em 2019 sobre a proteção dos menores na Igreja.

Leia mais reportagens no RFI, parceiro do Metrópoles.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?