Usuários esgotam maconha de farmácias em Montevidéu, no Uruguai
Os interessados em adquirir o produto, para uso recreativo, formaram longas filas e acabaram com os estoques nas primeiras horas
atualizado
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Usuários cadastrados para comprar maconha para uso recreativo esgotaram nesta quarta-feira (19/7) os estoques das quatro farmácias de Montevidéu, capital do Uruguai, registradas no Instituto de Regulamento e Controle de Cannabis do Uruguai (Ircca). A data marcou a abertura das vendas da substância nesses estabelecimentos.
As quatro drogarias da capital uruguaia confirmaram à Agência EFE que venderam toda a maconha que tinham. Em algumas delas, o produto acabou apenas algumas horas depois de as lojas serem abertas.
A aquisição em farmácias é uma das três formas para comprar maconha previstas na lei aprovada em dezembro de 2013 no Uruguai, no governo do ex-presidente José “Pepe” Mujica. Os uruguaios também podem cultivar a planta ou comprá-la em clubes de cultivo.
Fontes de um dos estabelecimentos não souberam informar quando os estoques de maconha serão repostos.
Perfil
Dados divulgados pelo Ircca poucos dias antes do início da venda de maconha nas farmácias do Uruguai indicavam que a maioria dos que se registraram para comprar maconha legalmente tem entre 30 e 44 anos e a grande parte dos cadastrados é de homens (70%).
Realmente, os homens eram maioria nas filas para comprar a erva que agora será vendida pelo governo. No entanto, nas quatro farmácias autorizadas a realizar a venda que a reportagem visitou em Montevidéu havia muitos jovens na faixa dos 20 anos — a idade mínima para se registrar para comprar a droga é de 18 anos —, mas também muitas pessoas com 60 anos ou mais.
“Eu tenho quase 60 anos e não tomo nenhum tipo de remédio, não tenho depressão e nenhum outro problema de saúde”, afirmou a aposentada Beatriz Nattero, que ao lado do marido Daniel, era uma das mais empolgadas na fila para comprar os primeiros pacotes de maconha legalizada vendida pelo governo.
Ela fez questão de ressaltar em mais de uma ocasião que, apesar da sua idade, só precisava fazer uso constante de maconha. “Somos usuários há mais de 20 anos e mesmo para mim, que comecei velha, aos 40 anos, este é um momento único, é algo histórico”, completou.
Daniel disse que a relação do casal com a maconha sempre fluiu de forma “muito natural” e revelou que seus filhos não só cresceram no mesmo ambiente em que os pais consumiam a droga, como também se tornaram usuários da erva.
Na embalagem da droga vendida pelo Estado uruguaio, assim como em outras campanhas de conscientização desenvolvidas nos últimos anos, o Uruguai desaconselha o consumo de maconha por pais na presença de menores de idade.“Nosso filho mais novo tem quase 18 anos, vai fazer aniversário dentro de três meses, e então também poderá se registrar para comprar nas farmácias”, contou. “Vamos compartilhar agora e depois.” (Com informações da Agência Estado)