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Uso de armas nucleares pela Rússia pode representar fim da civilização

Nesse domingo (27/2), Putin pediu a seus militares que coloquem as forças nucleares do país em “regime especial de alerta”

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Vladimir Putin, presidente russo. Ele usa terno e gravata e olha seriamente para a frente- Metrópoles
1 de 1 Vladimir Putin, presidente russo. Ele usa terno e gravata e olha seriamente para a frente- Metrópoles - Foto: Matthew Stockman /Getty Images

O presidente da Rússia, Vladimir Putin (foto em destaque), subiu o tom das ameaças na guerra com a Ucrânia ao ordenar, nesse domingo (27/2), que seus militares coloquem as forças nucleares do país em “regime especial de alerta“.

Na prática, o anúncio sinaliza uma reação do mandatário russo pelo envio de material bélico anunciado por países do Ocidente à Ucrânia, em um claro recado à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), e pressiona a Ucrânia a sentar-se à mesa para negociações, uma vez que há uma indefinição sobre a carga que a Rússia está usando em combate. A avaliação é da pesquisadora Larlecianne Piccolli, doutora em estudos estratégicos internacionais pela UFRGS e diretora do Instituto Sul-Americano de Política e Estratégia (Isape), em conversa com o Metrópoles.

Em reunião com seus ministros da Defesa, Serguei Choigu, e do Estado Maior, Dmitry Yuryevich Grigorenko, no Kremlin, Putin destacou que as nações ocidentais tomaram “ações hostis” contra a Rússia e impuseram “sanções ilegítimas” após a invasão da Ucrânia.

“O que significa colocar esse modo especial de prontidão? Em tempos de paz, o sistema não pode transmitir ordem de lançamento de ataques nucleares. É como se os ‘circuitos elétricos’ estivessem desconectados. Com o regime especial em alerta, o sistema é colocado em funcionamento, para que se possa haver uma resposta rápida em caso de ataques, por exemplo”, explica a pesquisadora.

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Após sucessivos bombardeios, o país tenta, junto da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), negociar um cessar-fogo
Tanques militares russos e veículos blindados avançaram em Donetsk, Ucrânia, região que teve a independência russa reconhecida nos últimos dias
Autoridades de segurança ucranianas garantem que há combates em quase todo o território e que os confrontos militares são intensos. Segundo o governo ucraniano, já passam de 200 os ataques russos ao país
Os militares da Ucrânia afirmaram que destruíram quatro tanques russos em uma estrada perto da cidade de Kharkiv, no leste do país, e mataram 50 soldados dos inimigos na região de Luhansk
A imprensa russa informou que membros de uma milícia em Donetsk, uma das regiões separatistas da Ucrânia, estão prontos para apoiar a invasão
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A invasão russa da Ucrânia ocorreu na madrugada de 24 de fevereiro, horário de Brasília. Logo em seguida, as sirenes da capital Kiev começaram a tocar. O som foi o primeiro alerta de um possível ataque aéreo na região

Reprodução
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Após sucessivos bombardeios, o país tenta, junto da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), negociar um cessar-fogo

Gabinete do Presidente da Ucrânia
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Tanques militares russos e veículos blindados avançaram em Donetsk, Ucrânia, região que teve a independência russa reconhecida nos últimos dias

Foto de Stringer/Agência Anadolu via Getty Images
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Autoridades de segurança ucranianas garantem que há combates em quase todo o território e que os confrontos militares são intensos. Segundo o governo ucraniano, já passam de 200 os ataques russos ao país

Foto de Wolfgang Schwan/Agência Anadolu via Getty Images
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Os militares da Ucrânia afirmaram que destruíram quatro tanques russos em uma estrada perto da cidade de Kharkiv, no leste do país, e mataram 50 soldados dos inimigos na região de Luhansk

Foto de Oliver Dietze/picture Alliance via Getty Images
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A imprensa russa informou que membros de uma milícia em Donetsk, uma das regiões separatistas da Ucrânia, estão prontos para apoiar a invasão

Pierre Crom/Getty Images
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Segundo a agência de notícias Reuters, militares ucranianos afirmam ter abatido cinco aviões russos, além de um helicóptero, na região de Luhansk, um dos dois territórios separatistas da Ucrânia

Foto do Ministério do Interior da Ucrânia/Divulgação/Agência Anadolu via Getty Images
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Diante do ataque russo, cidadãos ucranianos deixaram as suas casas, localizadas em zonas de conflito, e recorreram aos trens

Omar Marques/Getty Images
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Pessoas também esperam ônibus em rodoviária na tentativa de deixar Kiev, capital da Ucrânia

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Habitantes de Kiev deixaram a cidade após ataques de mísseis pré-ofensivos das forças armadas russas e da Bielorrússia

Pierre Crom/Getty Images
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Dois soldados russos foram levados como prisioneiros pela Ucrânia após a operação militar da Rússia

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Estrutura ficou danificada após ataque de mísseis em Kiev

Chris McGrath/Getty Images
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Um foguete foi registrado dentro de um apartamento após bombardeio de tropas russas em Piatykhatky, Kharkiv, nordeste da Ucrânia

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Ao redor do mundo, várias pessoas se manifestam contra o ataque russo à Ucrânia. "Pare a guerra", escreveu mulher em cartaz durante manifestação em frente ao Portão de Brandemburgo, na Alemanha

Kay Nietfeld/picture aliança via Getty Images
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A quantidade de aeronaves na base da Força Aérea dos EUA, na Alemanha, aumentou significativamente após os ataques russos à Ucrânia

Boris Roessler/picture Alliance via Getty Images

Piccolli estuda a Rússia e outras potências nucleares há mais de 15 anos. Ela interpreta que a ordem de Putin para colocar a força nuclear russa em alerta máximo tem o intuito de passar dois recados: um a nível estratégico, direcionado à Otan; e outro a nível tático, para a Ucrânia.

“O primeiro é um recado a membros da Otan por esse apoio a forças ucranianas. O uso de forças nucleares representaria o fim da civilização. Isso porque entraríamos em uma lógica de um ataque nuclear ser respondido com outro ataque nuclear”, diz. “O Putin é um estrategista, e ele tem noção, ou ao menos a gente espera, que o uso de um armamento nuclear estratégico vai trazer consequências para todo o mundo”, explica a pesquisadora.

Hoje, a Rússia tem cerca de 6 mil armas nucleares e os Estados Unidos, 5,5 mil, segundo Hans Kristensen, diretor do Projeto de Informação Nuclear da Federação de Cientistas Americanos.

Após a ordem do presidente russo, a comunidade internacional rapidamente iniciou uma reação. Órgãos de segurança dos Estados Unidos dizem monitorar a situação. A Casa Branca afirmou que a medida “obedece a um padrão de fabricação de ameaças que não existem” e ponderou que a Rússia nunca esteve sob ameaça da Otan.

Já a Organização das Nações Unidas (ONU) condenou qualquer uso de armas nucleares nos confrontos com a Ucrânia. O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, assinalou que “a mera ideia de um conflito nuclear é simplesmente inconcebível”.

“Além disso, toda essa lógica tem o fim político de forçar a Ucrânia para uma negociação. A solicitação de colocar as forças nucleares em alerta máximo vem logo depois que alguns países europeus, especialmente a Alemanha, decidiram enviar armamentos à Ucrânia“, complementa Piccolli. Ela ressalta que a Rússia tem usado sistemas de armas de uso dual no conflito, podendo disparar armas com carga convencional ou nuclear.

Por sua vez, o analista de risco político Ian Bremmer, presidente da consultoria Eurasia, afirmou no Twitter que a determinação de Vladimir Putin de deixar as armas nucleares de prontidão é uma “insanidade”. Ele ponderou, contudo, que a ameaça deve ser levada “terrivelmente a sério”.

“A economia de Putin está prestes a implodir. Sua posição geoestratégica é pior que em qualquer ponto de sua presidência. É culpa de Putin, mas uma admissão de fracasso é inconcebível, e um recuo improvável. Essa semana será incrivelmente perigosa, e não só para a Ucrânia”, analisou o especialista.

Derrota russa na ONU e ameaça nuclear: o resumo do 4º dia de guerra.

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