União Europeia pede investigações sobre mortes na Venezuela
A oposição venezuelana convocou para esta quinta-feira (20/4) mais um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro
atualizado
Compartilhar notícia
A União Europeia (UE) pediu investigações em relação às mortes ocorridas durante os protestos na Venezuela, na noite desta quarta-feira (19/4). Bruxelas insiste que os responsáveis pela violência precisam responder pelos incidentes e pede que o diálogo volte a ser estabelecido.
“Pedimos a todos os venezuelanos que se unam para reduzir a tensão e encontrar soluções democráticas dentro do marco da constituição”, indicou a porta-voz de política externa da Comissão Europeia. “Apenas um engajamento pacífico e construtivo pode parar a deterioração da situação na Venezuela e construir uma perspectiva melhor para seu povo”, insistiu.
Na quarta, dezenas de milhares de pessoas foram às ruas de Caracas e outras cidades da Venezuela para protestar contra o governo do presidente Nicolás Maduro. Em resposta, o chavismo organizou um ato em Caracas de apoio a Maduro.O líder chavista Diosdado Cabello informou que um integrante da Guarda Nacional Bolivariana tinha sido morto em San Antonio de los Altos, periferia de Caracas, e atribuiu a culpa à oposição. Na capital, um jovem de 17 anos identificado como Carlos José Moreno levou um tiro e morreu. Em Táchira, perto da fronteira com a Colômbia, Paola Ramírez, de 24 anos, morreu após ser baleada.
“Pedimos uma investigação sobre essas mortes e atos de violência que ocorreram durante os protestos, e para que aqueles responsáveis sejam condenados”, insistiu Bruxelas. “Os atos de violência durante os protestos são altamente lamentáveis”, disse a UE. “Estamos entristecidos pelas mortes de um homem e de uma mulher, e preocupados com os relatos de muitos feridos”, apontou. Os europeus, em seu comunicado, não fizeram referências ao soldado morto.
“Todas as pessoas envolvidas, inclusive membros das Forças de Seguranças, tem a responsabilidade de agir em total cumprimento do estado de direito e direitos humanos”, insistiu Bruxelas.
Novos protestos
A oposição venezuelana convocou para esta quinta-feira (20) mais um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro, apesar dos confrontos e das mortes nas manifestações das últimas semanas, que já somam sete vítimas. Um dos líderes opositores, Henrique Capriles, confirmou que a marcha partirá de vários pontos da capital, Caracas, assim como já ocorreu nas manifestações anteriores, como a desta quarta — a maior até o momento.
“Saimos às ruas em milhões de pessoas e agora devemos ser maiores ainda”, disse Capriles, acusando a polícia de “provocar a violência”. Milhares de venezuelanos aderiram ontem a vários protestos em 26 diferentes zonas do país para exigir novas eleições e a libertação do opositor Leopoldo López, mantido em prisão pelo regime de Maduro. Em contrapartida, apoiadores do presidente também organizaram uma manifestação em Caracas para demonstrar suporte ao sucessor de Hugo Chávez.
Uma das imagens mais emblemáticas do protesto desta quarta em Caracas foi a de uma mulher encarando, sozinha, um carro blindado da Guarda Nacional Bolivariana. Segurando a bandeira da Venezuela nas mãos, ela conseguiu fazer o veículo recuar.
Outras fotos dos dois jovens mortos pela polícia também circularam nas redes sociais e provocaram reações da oposição. Os dois foram atingidos na cabeça por tiros de agentes e apoiadores do governo. Um policial acabou morrendo nos protestos.
Crise
A crise política na Venezuela dura há anos e se intensificou após a morte do ex-líder Hugo Chávez, em março de 2013. Desde que assumiu a Presidência, Nicolás Maduro enfrenta situações de desabastecimento, instabilidade econômica, inflação e descontentamento de parte da população. Para conter a oposição, o governo de Maduro prendeu opositores e enfraqueceu a Assembleia Nacional, retirando imunidades dos parlamentares e reduzindo os poderes da Casa.
A Igreja Católica, sob aval do papa Francisco, tenta mediar negociações entre governo e oposição para solucionar a crise política. Países da América Latina também já demonstraram preocupação com a escalada da tensão no país. (Com informações da Ansa Brasil)