A guerra entre a Rússia e a Ucrânia acumula, ao longo dos últimos 365 dias de conflito, cifras expressivas que representam a complexidade da crise humanitária, econômica e geopolítica criada em torno do confronto.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 40% da população ucraniana precisa de ajuda humanitária. Ao menos 8 milhões de refugiados cruzaram as fronteiras do país, após a destruição de metade da infraestrutura ucraniana. Autoridades estimam a necessidade de US$ 700 bilhões para a reconstrução do território.
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território
AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo
Vinícius Schmidt/Metrópoles
Disputa de narrativas
De um lado, a Rússia alega que tenta defender o país de ameaças nazistas na nação vizinha, e de imposições “imperialistas” do Ocidente. A proximidade do país liderado por Volodymyr Zelensky com a Otan expõe quase 2.300 km de fronteira russa, o que significaria, para Putin, uma ameaça à própria existência.
A Ucrânia, por sua vez, luta sobretudo pela própria soberania nacional, e pela sobrevivência dos cidadãos, da nação e da identidade enquanto país. O discurso que ecoa entre Zelensky e os líderes ocidentais é que se a Ucrânia parar de lutar agora, deixará de existir. Se a Rússia parar de lutar agora, a guerra acaba.
Criar projeções a partir de dados de uma guerra que se baseia, substancialmente, em uma disputa de narrativas entre os dois lados, não é tarefa simples. A maior parte das informações divulgadas têm origem ucraniana, enquanto o Kremlin investe em mascarar os impactos.
Organismos internacionais, porém, contribuem com as estimativas — apesar das dificuldades de adquirir números consolidados em meio aos bombardementos, limitações estruturais e bloqueios.
A reportagem do Metrópoles levantou números que ajudam a compreender as dimensões do embate. Veja abaixo:
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