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Ucranianos buscam formas de mudar postura do governo Lula sobre guerra

Com rusgas na diplomacia, ucranianos buscam maneiras de convencer o governo Lula a agir, de forma mais efetiva, em relação à guerra

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Colagem colorida mostra Lula e Zelensky separados por uma linha - Metrópoles
1 de 1 Colagem colorida mostra Lula e Zelensky separados por uma linha - Metrópoles - Foto: Arte/Metrópoles

Com o diálogo diplomático entre Brasil e Ucrânia sofrendo com desentendimento recentes, ucranianos buscam outros meios de convencer o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a agir, de forma mais efetiva, em relação à guerra com a Rússia, que se estende por mais de dois anos.

No início desta semana, uma delegação de direitos humanos com representantes do país liderado por Volodymyr Zelensky desembarcou no Brasil para uma série de encontros e reuniões que buscaram mudar o posicionamento do governo brasileiro sobre o conflito.

Além de três ativistas ucranianos, o grupo que chegou ao Brasil no último domingo conta com a presença de Ida Sawyer, diretora da Divisão de Crise e Conflitos da Human Rights Watch (HRW), e do organizador da visita, César Muñoz, que atua como diretor adjuto para as Américas na organização internacional de direitos humanos.

Ao Metrópoles, Muñoz explica que o principal objetivo da visita é dar maior visibilidade ao conflito, “muitas vezes invisível para o Brasil por conta da distância que separa os dois países”, através de relatos sobre possíveis crimes de guerras cometidos em território ucraniano.

Papel mais ativo

Além de relatar desrespeitos aos direitos humanos durante a guerra na Ucrânia, o grupo de ativistas enxergou na visita ao Brasil uma chance de cobrar, de forma indireta, uma postura mais efetiva do governo Lula sobre a crise.

Em conversa com o Metrópoles, os ucranianos da comitiva revelaram certo descontentamento com a política adotada pela diplomacia brasileira em relação ao conflito.

“Talvez não estejamos muito felizes e satisfeitos”, disse Tetiana Pechonchyk, chefe do Centro de Direitos Humanos ZMINA, na Ucrânia. “Vemos que existem oportunidades para o Brasil ser mais proativo, principalmente quando falamos de questões humanitária”, afirmou.

Segundo Ida Sawyer, um apoio mais ativo do governo brasileiro pode acontecer com um possível cumprimento do mandado de prisão do Tribunal de Haia contra Vladimir Putin, caso o presidente da Rússia compareça à cúpula do G20 que será realizada no Brasil. 

“Estamos encorajando as autoridades a garantirem que cumpram com a sua obrigação como membros do Tribunal Penal Internacional (TPI) de executar o mandado de prisão contra o presidente da Rússia, caso ele decida viajar ao Brasil para a próxima cúpula do G20”, afirmou Sawyer, que já atuou pela organização internacional de direitos humanos em países como Congo, Ruanda, Síria e Iêmen.

Ponte com governo Lula

Durante a viagem, que termina nesta sexta-feira (24/5), o grupo teve reuniões no Congresso Nacional, Itamaraty, Palácio do Planalto, Ministério dos Direitos Humanos, além de se reunir com os embaixadores da Colômbia, Alemanha e Ucrânia no Brasil.

Na Câmara dos Deputados, a delegação ucraniana se reuniu com o deputado federal Carlos Chiodini (MDB-SC), que ouviu as demandas do grupo. O parlamentar afirmou à reportagem que uma das principais reinvindicações dos ucranianos é a pressão por um olhar mais atento do governo brasileiro em relação aos problemas enfrentados pela Ucrânia.

O congressista confirmou que deve propor uma audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara para discutir o tema, que foi perdendo a atenção nos últimos tempos, segundo Chiodini.

Postura do Brasil é criticada

Apesar de já ter falado sobre a possibilidade de mediar negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, rusgas entre Brasília e Kiev têm aumentado a distância entre os dois governos nos últimos tempos.

Desde o início de seu mandato, em 2023, o presidente brasileiro tem adotado uma postura crítica às atuais fórmulas de negociação sobre a guerra no Leste Europeu.

Além de falas polêmicas, como quando chegou a afirmar que a culpa da guerra é dos dois países, o presidente do Brasil tem se negado a participar de discussões que envolvam apenas o país liderado por Zelensky.

Exemplo disso foi uma decisão recente de Lula, que recusou o convite do governo da Suíça para participar de uma cúpula da paz sobre a Ucrânia, em junho. A informação foi confirmada ao Metrópoles pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) no último dia 17 de maio.

Além disso, uma proposta conjunta sobre o conflito assinada por Pequim e Brasília nessa quinta-feira (23/5) reafirmaram o posicionamento do governo Lula sobre o tema.

Ao defender uma solução política para a guerra entre Rússia e Ucrânia, o comunicado enfatizou que China e Brasil buscam negociações de paz que envolvam os dois lados do conflito.

 

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