Ucrânia x Rússia: para onde vai a guerra que já dura 2 anos?
Especialistas afirmam que cenário é semelhante ao de 2023, por isso o conflito no Leste Europeu deve estar longe de acabar
atualizado
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Neste sábado (24/2) completam dois anos desde que a Rússia invadiu o território ucraniano, incluindo um bombardeio à capital Kiev. Àquela época, as autoridades russas, em especial o presidente Vladimir Putin, acreditavam que o conflito poderia ter seu desfecho em poucos dias. O desenrolar do conflito, no entanto, mostrou o contrário: especialistas afirmam que a guerra pode estar longe de acabar, pois o cenário segue semelhante ao de 2023.
Leonardo Paz Neves, pesquisador do Núcleo de Inteligência Internacional da Fundação Getúlio Vargas (FGV), disse que o cenário é de ausência de equipamento e homens para fazer grandes ganhos em relação a qualquer lado, mas que a Rússia tem uma situação um pouco mais confortável, com pequenos avanços, em comparação com a Ucrânia.
Para o professor, Pedro Feliú, internacionalista da Universidade de São Paulo (USP), a guerra entre os países pode chegar ao fim, caso o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump seja eleito neste ano, já que o republicano é simpatizante do presidente da Rússia, Vladimir Putin. “Se Trump vencer as eleições, a guerra fica totalmente favorável à Rússia e Volodymyr Zelensky terá como melhor opção aceitar um acordo de paz ou declarar derrota”.
Paz Neves também ressalta como a vitória de Trump pode dificultar o cenário ucraniano. “O Trump, se por um lado mostra que tem uma boa impressão do Putin, ele [Trump] não tem interesse em ficar gastando dinheiro americano nesse conflito”.
Mas caso Joe Biden seja reeleito, a guerra pode estar longe de acabar. Isso porque, diferente de Trump, ele apoia a Ucrânia. Em dezembro de 2023, Biden aprovou um novo pacote de ajuda militar aos ucraniano no valor de US$ 200 milhões. Entretanto, o Congresso estadunidense vetou o novo pacote, afirmando que precisava saber qual a estratégia da Ucrânia para vencer a guerra.
De acordo com o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económicos (OCDE), a economia russa sofreu uma queda de 2,1% em 2022, quando era estipulado que a queda fosse de 9%. Porém, mesmo com todas as sanções já impostas, no ano de 2023 o país teve um crescimento de 3,6% na sua economia.
Para Pedro Feliú, “as sanções econômicas para a Rússia são inevitáveis, mesmo com a vitória”. Mas podem não afetar a economia do país.
Relembre como o conflito começou
A Rússia e a Ucrânia vivem uma antiga história de conflitos. Ao longo dos séculos, a Ucrânia fez parte de impérios, sofreu inúmeras invasões, foi incorporada pelos russos e pelos soviéticos, se tornou independente, mas nunca resolveu por completo sua relação com a Rússia.
Putin iniciou um ataque durante a madrugada do dia 24 de fevereiro de 2022, com a justificativa de proteger a população russa das regiões do leste ucraniano e do neonazismo. A invasão começou com bombardeios constantes e rápido avanço de tropas russas. Em poucos dias, parte considerável do território ucraniano já estava dominada e Kiev, cercada por tropas russas.
No período de inverno, a guerra foi marcada pelo discreto avanço das forças ucranianas. Os ataques russos continuam, mas concentrados no leste ucraniano.
Relação da Ucrânia com a Otan
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é uma aliança militar formada por diversas potências mundiais, com o principal objetivo de preservar a segurança e a estabilidade dos países membros, fundada em 4 de abril de 1949, com a ideia de que, se um dos países membros for atacado, os demais se unirão para defendê-lo.
Em 2020, a Otan reconheceu a Ucrânia como um parceiro de oportunidades, indicando uma abertura para uma possível associação mais estreita e até mesmo uma futura adesão plena como membro da organização. Como resposta, Putin reconheceu a independência das regiões de Luhansk e Donetsk, no leste da Ucrânia, uma ação que intensificou as tensões na região e gerou preocupações sobre a estabilidade geopolítica na Europa Oriental.
Em uma entrevista recente, Putin declarou abertamente que não tem interesse em invadir nenhum país membro da Otan. Especialistas interpretam essa declaração como uma tentativa de influenciar as eleições americanas.
Consequência humanas causadas pela guerra
Conforme dados do New York Times em agosto de 2023, a guerra deixou um rastro devastador, com aproximadamente 200 mil vítimas. Atualmente, esse número é incontável.
As hostilidades se intensificaram com as contraofensivas da Ucrânia, aprofundando ainda mais o conflito.
Em decorrência dos ataques, cidades como Mariupol foram completamente arrasadas, deixando a pouca população que restou sem acesso adequado a alimentos, água, energia e aquecimento, condições essenciais para a sobrevivência.
Impacto na Economia
É inegável que eventos de grande escala, como guerras ou mudanças políticas significativas, podem ter um impacto global, especialmente quando se tratam de produtos vitais como gás e petróleo – 41% eram exportados pela Rússia.
O aumento dos preços do gás e do petróleo pode acarretar em custos mais elevados de energia e transporte em todo o mundo, afetando os preços de bens e serviços, assim como os custos operacionais para empresas em todos os setores. Esse cenário pode, por sua vez, influenciar padrões de consumo, crescimento econômico e até mesmo a estabilidade política em determinadas regiões do globo.
Relação com os Estados Unidos
Nessa sexta-feira (23/3) o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou mais de 500 novas sanções contra a Rússia devido à guerra com a Ucrânia. De acordo com Biden, os alvos destas sanções serão pessoas ligadas à “prisão de Navalny”, além do “setor financeiro, a base industrial de defesa, as redes de aquisição e os evasores de sanções da Rússia em vários continentes”.