Ucrânia pede a liberdade de ex-presidente da Geórgia: “Ameaça à vida”
Ucrânia afirmou, nesta quinta-feira (2/2), que a Geórgia estaria usando “as piores táticas do antigo KGB” contra o ex-presidente do país
atualizado
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O Ministério de Negócios Estrangeiros da Ucrânia pediu, nesta quinta-feira (2/2), que os governos estrangeiros e as organizações internacionais defendam publicamente a liberdade do ex-presidente da Geórgia Mikheil Saakashvili, após o quadro de saúde dele piorar.
Ele está preso desde outubro de 2021. Saakashvili recebeu pena de 6 anos de prisão por abuso de poder, considerada por apoiadores como “perseguição política”. O ministério também acredita que a vida de Saakashvili “está em perigo devido à repressão política por parte das autoridades georgianas”.
Além disso, a Ucrânia acusa a Geórgia de aplicar “violência psicológica e física”, além de negar assistência médica “urgentemente necessária, criando deliberadamente uma ameaça direta à sua vida”.
Em nota, o ministério critica a postura das autoridades da Geórgia, que estariam usando “as piores tácticas do antigo KGB”. “Pedimos às autoridades georgianas que parem imediatamente de abusar de Mikheil Saakashvili e o entreguem à Ucrânia. Não brinque com a vida de uma pessoa por vingança política”, diz um trecho do comunicado.
Diversas figuras políticas se posicionaram contra o tratamento “abusivo” sofrido por Saakashvili na prisão. Entre eles, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Ele acredita que Saakashvili “está sendo morto lentamente”.
“O próprio fato de ainda termos que lutar contra tal tentativa de execução pública de fato de uma pessoa na Europa do século XXI é uma vergonha!”, declarou Zelensky, no Twitter. Ele também pede que as autoridades recordem das “obrigações de proteção dos direitos humanos” para “parar o abuso e libertar” o ex-presidente. “Peço ao mundo que ajude a salvar a vida de Mikheil e evite sua execução”, disse.
Right now, 🇺🇦 citizen, former Georgian President @SaakashviliM is being slowly killed. The very fact that we still have to fight against such an attempt at de facto public execution of a person in Europe in the XXI century is a disgrace! 1/2 pic.twitter.com/WDWQgjAUG3
— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) February 1, 2023
Um pedido por “socorro”
Diversas cartas foram enviadas por Saakashvili para uma parlamentar polonesa que integra a Comissão da União Europeia. Anna Fotyga afirma que o ex-presidente precisa “urgentemente de tratamento no exterior”.
Segundo ela, as notícias mais recentes eram “aterrorizantes”. Com uma escrita quase ilegível, o ex-presidente comunica que seu estado de “saúde piorou” e pergunta se a eurodeputada consegue “levantar uma discussão” sobre a prisão dele.
Leia:
I have received several letters from @SaakashviliM🇬🇪. The ones that have just arrived are truly terrifying. I thank all political groups for the decision to hold an urgent debate tomorrow on his situation. Mikheil Saakashvili urgently needs treatment abroad. #FreeSaakashviliNow pic.twitter.com/lphhIdxaLs
— Anna Fotyga Biuro Poselskie (@AnnaFotyga_PE) February 1, 2023
Em protesto à prisão, ele fez uma greve de fome por 50 dias. De acordo com a equipe médica, Saakashvili perdeu 47kg desde a detenção, consequência de um possível envenenamento com metais pesados alegado pela defesa do ex-presidente.
Além disso, manifestações para a liberdade de Saakashvili ocorrem desde o começo do ano no território georgiano e diversas cidades da Europa. Ele está preso desde outubro de 2021, quando foi detido em uma viagem “secreta” para a Geórgia — à época, estava exilado na Ucrânia.
Repercussão na União Europeia
De acordo com a agenda do Parlamento da União Europeia, os eurodeputados devem debater com o Conselho sobre a situação do ex-presidente da Geórgia, Mikheil Saakashvili, nesta quinta-feira (2/2). Eles votarão uma resolução durante a próxima sessão. Anna afirma que a situação do ex-presidente “só agrada a Putin”.
Na terça-feira (31/1), o presidente do maior partido de oposição da Geórgia, Movimento Nacional Unido (UNM), Levan Khabeishvili, declarou que “fará esforços para libertar Saakashvili”. Durante a campanha à eleição, ele prometeu tentar soltar o fundador do partido e ex-presidente georgiano.