Ucrânia e Rússia usaram minas proibidas, acusa Human Rights Watch
Human Rights Watch denunciou, nesta terça (31/1), uso indevido de minas terrestres proibidas pela Ucrânia. Rússia também agiu da mesma forma
atualizado
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A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) documentou diversos casos de uso de minas terrestres antipessoais pela Ucrânia na cidade de Izium, localizada ao leste do país, na época em que as forças russas ocuparam a área. As descobertas foram publicadas nesta terça-feira (31/1). Material bélico proibido do mesmo tipo também foi usado pelos russos anteriormente durante o conflito.
No caso dos ucranianos, no território de Izium, foram encontradas as chamadas “minas borboleta” ou “minas pétalas”. Elas são posicionadas por aeronaves, foguetes e artilharia, disparadas de veículos ou lançadores especializados. O armamento “proibido” foi localizado em áreas ocupadas pelos russos, próximo a instalações militares.
O uso de minas antipessoais viola a lei humanitária internacional, uma vez que não pode diferenciar civis e combatentes. A entidade afirma que as minas não desarmadas “impedem a entrega de ajuda humanitária e impedem as atividades agrícolas”.
Foram registradas pela HRW o uso de minas terrestres antipessoais em nove áreas diferentes dentro e ao redor da cidade de Izium. Pelo menos 11 civis foram vítimas dessas minas.
A Ucrânia integra o Tratado de Proibição de Minas de 1997, que proíbe qualquer uso de minas antipessoal e exige a destruição de estoques, limpeza de áreas minadas e assistência às vítimas. A HRW espera que o governo ucraniano realize “uma investigação imparcial” sobre as descobertas.
“As forças ucranianas parecem ter espalhado extensamente minas terrestres pela área de Izium, causando baixas civis e representando um risco contínuo”, disse Steve Goose , diretor da Divisão de Armas da Human Rights Watch (HRW). “As forças russas usaram repetidamente minas antipessoal e cometeram atrocidades em todo o país, mas isso não justifica o uso ucraniano dessas armas proibidas.”
Russos também usaram
Já a Rússia ignorou os avisos da Human Rights Watch, que expôs o uso das minas terrestres proibidas pelo Kremlin em três relatórios. Desde a invasão em 24 de fevereiro de 2022, as forças armadas russas usam o armamento considerado “proibido”.
#Ukraine should investigate its military’s apparent use of rocket-fired antipersonnel landmines in and around the city of #Izium when Russian forces occupied the area. New research focuses on harm to civilians: https://t.co/qDLbqdFUxu
1/2 pic.twitter.com/9YDF4q8EkC
— Human Rights Watch (@hrw) January 31, 2023
A resposta de Kiev
O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia respondeu às acusações da HRW por meio de nota, na qual afirma que o caso deve ser estudado pelas “autoridades competentes” do país. “A parte ucraniana sempre demonstrou a sua disponibilidade para a cooperação com as organizações não governamentais internacionais”, declarou.
Para o governo, a HRW e outras instituições precisam aumentar “a pressão sobre a Federação Russa para cessar imediatamente a guerra criminosa contra a Ucrânia com o uso de toda a gama de armas desumanas e retornar ao cumprimento do direito internacional”. A Guerra da Ucrânia ocorre há quase um ano.
Além disso, a pasta reforça o pedido de envio de kits de desminagem para o país. De acordo com a Convenção de Ottawa, a Ucrânia já destruiu 3 milhões de minas terrestres.