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Ucrânia acusa Rússia de lançar bombas de fósforo contra crianças

Artefatos são semelhantes a armas incendiárias e causam graves ferimentos, como queimaduras profundas

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Soldados e policiais ucranianos examinam área em chamas após missíl russo ser atingir parte residencial da cidade de Kiev - Metrópoles
1 de 1 Soldados e policiais ucranianos examinam área em chamas após missíl russo ser atingir parte residencial da cidade de Kiev - Metrópoles - Foto: Matthew Hatcher/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou formalmente a Rússia de usar bombas de fósforo contra crianças. O país já havia feito esse tipo de avaliação sobre a atuação das tropas de Vladimir Putin, mas não de forma enfática.

Zelensky levou a denúncia para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), ao participar da reunião de cúpula, realizada nesta quinta-feira (24/3), em Bruxelas.

“Nesta manhã, houve ataques com bombas de fósforo, e novamente morreram crianças, além de adultos”, frisou o líder ucraniano.

As bombas de fósforo são semelhantes a armas incendiárias e causam graves ferimentos. Elas são compostas por substâncias solúveis em gordura e, assim, provocam queimaduras profundas.

Caso fragmentos entrem na corrente sanguínea, pode haver falência múltipla de órgãos, e feridas já cobertas podem reabrir quando os curativos são retirados e o local fica exposto ao oxigênio.

Ataques

Os bombardeios na Ucrânia completam um mês nesta quinta-feira (24/3) e não dão sinais de que vão parar. Russos continuam os ataques em centros urbanos. Ucranianos dizem ter afundado um navio militar da tropa inimiga.

Autoridades de Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, disseram que ao menos seis civis morreram e 15 ficaram feridos após um bombardeio russo.

O ataque teria atingido uma agência de correio próxima de um local em que moradores da cidade recebiam ajuda humanitária. A acusação é do governador regional, Oleg Siniegubov.

Em contrapartida, a Ucrânia fez ataque inédito com mísseis contra um porto que havia sido ocupado pela Rússia nesta quinta-feira.

Segundo agências internacionais de notícias, ao menos um navio de desembarque de tropas, blindados e munição, o Orsk, foi destruído no ataque e afundou nos 5 metros do porto de Berdyansk, segundo a Marinha ucraniana.

Resolução da ONU

A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou nova resolução que responsabiliza a Rússia pela guerra na Ucrânia.

Nesta quinta-feira, os embaixadores responsabilizaram o país comandado por Vladimir Putin pela “crise humanitária” provocada pela guerra.

Foram 140 votos a favor, 5 contra e 38 abstenções. O Brasil votou a favor da resolução. O texto prevê o envio de ajuda humanitária, mas há detalhes.

Na direção contrária, a Assembleia Geral se negou a votar resolução que “eximia” a Rússia pelo início do conflito da Ucrânia. Na prática, o documento funcionaria como um “perdão” pela guerra.

O texto foi proposto pela África do Sul, mas não chegou a ser votado, após ser rechaçado por 67 países na Assembleia, seguindo pedido da Ucrânia. A Rússia apresentou redação semelhante. A Assembleia Geral da ONU tem 193 integrantes.

Mortos na guerra

No dia em que a guerra na Ucrânia completa um mês, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um número preocupante: 1.035 civis perderam a vida durante os bombardeios.

Nesta quinta-feira, o escritório de direitos humanos informou ainda que ao menos 90 crianças estão entre os mortos. Outras 1.650 pessoas se feriram.

A ONU reconhece a subnotificação dos números, uma vez que é difícil obter relatórios de áreas que estão sob intenso bombardeio.

Antes, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) disse, em comunicado, que 4,3 milhões de crianças — portanto, mais da metade dos menores de 18 anos no país, estimados em 7,5 milhões— tiveram de deixar suas casas. Do total, ao menos 1,8 milhão refugiou-se em outros países.

Os Estados Unidos e a União Europeia (UE) articulam uma série de medidas contra a Rússia e seu líder, Vladimir Putin

O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, acusou a Rússia de não ter interesse em negociar um cessar-fogo na Ucrânia.

Clique aqui e leia a cobertura completa da guerra na Ucrânia. 

“Neste momento, a Rússia não quer sentar e negociar nada: o que quer é ocupar o terreno”, salientou Borrell após reunião da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

O conselheiro de segurança nacional norte-americano, Jake Sullivan, adiantou o que pretende o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e confidenciou que a maior preocupação é com ataques cibernéticos russos e o uso de armas químicas.

“É importante porque tudo será decidido nos próximos 15 dias. O que vai fazer história é a capacidade dos ucranianos de resistir”, frisou.

Recados

A cúpula da Otan mandou recados duros a dois países aliados do presidente russo, Vladimir Putin. A entidade militar advertiu China e Belarus, além de dizer que as nações são “cúmplices” da guerra na Ucrânia.

Nesta quinta-feira, a guerra completa um mês, e os líderes da Otan estão reunidos em Bruxelas. Ocorre que foi justamente o desejo da Ucrânia de entrar na organização que deu início à invasão russa, em 24 de fevereiro.

O grupo está preocupado com a guerra. “Temos a responsabilidade de assegurar que o conflito não escale”, disse o secretário-geral, Jens Stoltenberg.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

 

Ele advertiu a China a não apoiar Vladimir Putin, seu aliado, e disse que a ditadura de Belarus tem de parar de ser cúmplice de Moscou.

A declaração ocorre em meio a rumores de que Pequim está fornecendo ajuda militar e econômica a Moscou para auxiliar na guerra na Ucrânia.

Belarus passou a centralizar uma polêmica internacional após sofrer acusações de facilitar a invasão e depois ter executado ataques contra a Ucrânia com mísseis.

Dia decisivo

A tensão global tem atingido níveis estratosféricos com a falta de entendimento entre russos e ucranianos e a deterioração das relações político-diplomáticas envolvendo outras nações, como Estados Unidos, Rússia e China.

A quinta-feira tem intensa agenda internacional: haverá reunião da cúpula da Otan, do conselho da União Europeia e do G7 — grupo dos países mais ricos do mundo.

Os encontros debaterão a instabilidade geopolítica atual. Novas sanções contra a Rússia, o risco do uso de armas nucleares e o fortalecimento da defesa mundial são as principais pautas divulgadas até o momento.

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