Trump x Kamala: pesquisas mostram reta final imprevisível nos EUA
A 10 dias do pleito, pesquisas eleitorais mostram que a disputa à Presidência dos Estados Unidos está cada vez mais acirrada
atualizado
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A 10 dias das eleições presidenciais dos Estados Unidos, as pesquisas têm apontado para uma competição cada vez mais acirrada. Levantamento divulgado pelo The New York Times/Siena College nessa sexta-feira (25/10) mostra Kamala Harris e Donald Trump empatados, com 48% das intenções de voto cada um. Para entender melhor o cenário político, Metrópoles entrevistou o internacionalista Emanuel Assis.
O especialista explica que “nessa reta final, vemos uma perda de vantagem da campanha democrata, o que é preocupante para o partido, uma vez que, desde que a Kamala se colocou como a cabeça da chapa e houve a desistência do Biden, na maioria das pesquisas ela estava liderando nos votos totais, com uma leve vantagem, mas ainda assim liderando”. “E essa diminuição da vantagem e o empate entre as duas candidaturas levantam uma bandeira amarela para o Partido Democrata, um alerta.”
Na última pesquisa divulgada pelo Times/Siena em 23 de setembro, a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, aparecia três pontos percentuais à frente de Donald Trump: 50% a 47%. O pleito é diferente do realizado no país. Eleitores já começaram a votar, porém, a eleição se encerra só no dia 5 de novembro.
Assis destaca outra diferença em relação à eleição brasileira. Nos Estados Unidos o número total de votos não define o vencedor.
“Em 2016, Hillary Clinton ultrapassou o Trump na votação total, com uma vantagem significativa, inclusive. Ainda assim, perdeu pelo sistema de delegados, pela divisão de votos por estado e pela divisão de delegados por estado. E, neste ano, isso também pode acontecer tanto para uma campanha quanto para outra”, esclarece.
Kamala e Trump têm colocado esforços intensos nos chamados estados-pêndulo: Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin. Nesses locais não há um partido definido, ou seja, de eleição para eleição a votação varia.
“O que importa é analisar em quais estados-pêndulo as campanhas estão à frente nas pesquisas e o que esses estados representam na soma total de delegados para se alcançar os desejados 270 delegados aí na proporção final”, diz Assis.
Vantagens de Kamala Harris
Emanuel de Assis explica que a democrata pode ganhar a eleição a partir dos votos femininos e jovens.
“A Kamala está tendo vantagem no voto feminino. O que indica uma certa transição de voto do eleitorado feminino branco para ela. Não em sua maioria, mas uma certa parte, o que em uma eleição acirrada é essencial”, diz Assis. Uma das vantagens em relação a Trump seria a questão do aborto, de acordo com Assis. “Além do engajamento do voto feminino, pode engajar o voto de pessoas jovens, do eleitorado jovem que se mobiliza a partir principalmente dessas novas agendas na política contemporânea.”
O especialista destaca que Kamala tem liderança no eleitorado indeciso, e isso é relevante para uma disputa acirrada.
“Isso é bem significativo no pleito final, pois a eleição está muito acirrada, cada voto conta e o eleitorado indeciso vai ser um balizador do resultado final nos Estados Unidos.” O internacionalista completa, afirmando que a principal estratégia de Kamala, nessa última semana, deve ser manter a vantagem entre os eleitores indecisos.
“Kamala precisa tirar esse voto de uma tendência democrata para um voto de certeza, um voto convicto na campanha dela”, conclui.
Vantagens de Donald Trump
Emanuel Assis explica que Donald Trump deve continuar investindo na retórica de que o governo Biden-Harris é o culpado pelo fracassado da economia e das políticas de migração dos EUA.
“Trump precisa continuar investindo nessas duas agendas, economia e migração. Mas principalmente a partir de um ponto de vista que associe o que eles enxergam como fracassos na economia e na imigração da gestão Biden e sempre ligando Kamala Harris ao Joe Biden”, explica o especialista.
De acordo com Assis, Donald Trump domina a retórica nessas duas agendas e isso lhe garante índices maiores de confiança do eleitorado.
“Ele tem mais a confiança do eleitorado em se tratando desses temas. Acredito que ele vai continuar utilizando isso nessa reta final, até mesmo para tentar reverter essa vantagem que a Kamala e o Partido Democrata têm entre os indecisos.”