Trump processa vítima de abuso sexual por acusá-lo de estupro
Ex-presidente dos EUA, Trump entrou com processo por difamação contra escritora Jean Carroll, após ser condenado por abusar sexualmente dela
atualizado
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O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump entrou com um processo contra a jornalista e escritora E. Jean Carroll por difamação, alegando que ela o acusou falsamente de estupro. Em maio, o político republicano foi condenado por abuso sexual e difamação contra a vítima. O bilionário, no entanto, escapou da denúncia de estupro.
O novo processo de Trump contra Carroll, enviado ao tribunal federal de Manhattan nessa terça-feira (27/6), cita as declarações da escritora à CNN, após o veredito judicial. Na ocasião, a jornalista foi questionada sobre o que passou na mente dela quando o júri afirmou não encontrar provas suficientes para afirmar que Trump cometeu estupro.
Ela respondeu: “Na minha cabeça, eu estava: ‘Ele estuprou, ele estuprou, ele estuprou'”.
No Código Penal de Nova York, as duas acusações são diferentes. Alguns estados norte-americanos consideram o abuso sexual como contato físico com as partes íntimas, sem consentimento – em comparação com o Brasil, a título de compreensão, pode ser algo comparado ao crime de importunação sexual. Já o estupro engloba necessariamente uma relação sexual forçada.
No documento enviado à Justiça, o republicano requer uma retratação da vítima, além de indenizações compensatórias e punitivas não especificadas, por ela ter falado sobre o crime de estupro, apesar de ele não ter sido sentenciado como tal.
A nova judicialização do tema sinaliza que o embate está longe de acabar, após trocas de acusações mútuas. O ex-presidente anunciou a pré-candidatura à Casa Branca nas eleições dos EUA em 2024.
Entenda o caso
Em 2019, Carroll acusou Trump publicamente de estupro em seu livro de memórias. Segundo a escritora, o abuso ocorreu na década de 1990 em uma loja de departamentos de Nova York.
O caso veio a público durante a campanha de reeleição de Trump, mas ele alegou que Carroll inventou o suposto estupro com o intuito de vender mais livros. Durante o julgamento, os advogados do bilionário defenderam que a história era inverídica.
Trump, que negou as acusações de abuso sexual, optou por não testemunhar ao longo do processo. O ex-presidente não tinha obrigação de se apresentar ao tribunal.
Embora mais de uma dúzia de mulheres tenham acusado Trump de má conduta sexual ao longo dos anos, alegações que ele sempre negou, o caso de Carroll é o primeiro desse tipo a ser testado com sucesso perante um júri.
O júri, composto por seis homens e três mulheres, também responsabilizou Trump por difamação contra Carroll, quando ele postou uma declaração em seu site Truth Social, em outubro, chamando o caso dela de “fraude completa”, “farsa e mentira” e que ela “não fazia seu tipo”.
O veredicto do júri foi unânime e foi anunciado após três horas de deliberação no Tribunal Distrital Federal de Manhattan. A condenação, no entanto, é cível, e não criminal, o que significa que Trump não terá de responder por nenhum crime e não receberá pena de prisão.