Tribunal Penal de Haia investigará Rússia por bombardeios na Ucrânia
A Ucrânia pede que o governo russo seja responsabilizado por “manipular a noção de genocídio para justificar a agressão”
atualizado
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O Tribunal Penal Internacional, em Haia, irá investigar a guerra na Ucrânia. O procurador Karim Khan determinou a abertura do inquérito, que pode responsabilizar a Rússia pela invasão.
A decisão foi divulgada nesta segunda-feira (28/2). O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, já havia anunciado que o país entrou com uma ação contra os invasores, no domingo (27/2).
A Ucrânia pede que o governo russo seja responsabilizado por “manipular a noção de genocídio para justificar a agressão”.
“Decidi prosseguir com a abertura de uma investigação sobre a situação na Ucrânia, o mais rapidamente possível”, comentou o procurador, nesta segunda-feira, de acordo com agências internacionais de notícias.
A Ucrânia vive o quinto dia de ataques. Kiev, capital e coração do poder, e Kharkiv, segunda maior cidade ucraniana, estão sob forte bombardeio. Civis foram alvejados pelas tropas russas.
“Continuarei acompanhando de perto os desenvolvimentos no território da Ucrânia, e mais uma vez peço contenção e estrita adesão às regras aplicáveis do direito humanitário internacional”, ponderou.
Acusações na ONU
Durante a sessão emergencial da Assembleia Geral Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir a punição da Rússia e de seu presidente, Vladimir Putin, após a invasão da Ucrânia, embaixadores dos países em confronto trocaram acusações. É apenas a 10ª vez que uma reunião do tipo é feita na história do grupo.
Líderes estão reunidos no início da tarde desta segunda-feira (28/2) na sede da ONU, em Nova York. Líderes da ONU pediram um cessar-fogo e defenderam a diplomacia.
O embaixador da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, denunciou que a Rússia teria cometido crimes de guerra durante os combates. Segundo ele, civis, hospitais, escolas, orfanatos e até ambulâncias foram alvos das tropas russas.
“Os conflitos têm paralelos que podem ser feitos com a 2ª Guerra Mundial. A Rússia comete crimes de guerra”, afirmou o diplomata ucraniano. Segundo ele, são ao menos 5 mil mortos, entre civis e soldados.
O embaixador da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, falou logo após o diplomata ucraniano. Ele rebateu as falas do homólogo, defendeu o prisma russo da situação e disse que há uma guerra de informação contra o país.
Ele desmentiu o embaixador ucraniano. “Forças russas não estão atacando áreas civis. A infraestrutura ucraniana não está sendo atacada”, salientou.
A sessão emergencial foi aprovada pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). A movimentação político-diplomática é uma represália após uma resolução que exigia a retirada imediata das tropas russas do território ucraniano ser vetada por causa de somente um voto contra que veio justamente da Rússia.
Pedido de investigação
Zelensky defende a punição no ato de guerra. “A Ucrânia entrou oficialmente com uma ação contra a Rússia no Tribunal Internacional de Justiça da ONU, em Haia. Exigimos que a Rússia seja responsabilizada por distorcer o conceito de genocídio para justificar a agressão”, escreveu o presidente ucraniano.
O presidente da Ucrânia também solicitou que o órgão marque uma conversa entre as partes. “Pedimos ao tribunal que ordene imediatamente à Rússia que cesse as hostilidades e agende uma audiência na próxima semana”, escreveu.
“Solicitamos uma decisão urgente ordenando que a Rússia cesse a atividade militar agora e esperamos que os julgamentos comecem na próxima semana”, assinalou Zelensky.