Três partidos começam conversa para “coalizão semáforo” na Alemanha
Se conversas se concretizarem, será a primeira aliança tripartidária a governar a Alemanha desde os anos 1950
atualizado
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O Partido Social-Democrata, o Partido Verde e o Partido Liberal Democrático da Alemanha estão dispostos a iniciar negociações formais para a formação de um governo, anunciaram em Berlim, nesta sexta-feira (15/10), as cúpulas dos partidos.
Quase três semanas depois da eleição geral, e findas as sondagens preliminares, os negociadores dos três partidos se mostraram otimistas quanto ao sucesso de negociações para uma coalizão de governo e aconselharam seus partidos a darem formalmente início a esse processo. Eles também apresentaram um documento de 12 páginas com os resultados preliminares.
A decisão deverá ser submetida, ao longo do fim de semana, à apreciação de instâncias internas dos partidos.
“É um resultado muito bom”, afirmou o candidato a chanceler federal dos sociais-democratas, Olaf Scholz, sobre a conclusão das sondagens preliminares. Ele destacou, como pontos centrais, a modernização da Alemanha e a luta contra as mudanças climáticas.
Scholz estava acompanhado dos líderes do Partido Verde, Annalena Baerbock e Robert Habeck, e do liberal-democrático Christian Lindner.
O Partido Social-Democrata foi o partido mais votado na eleição de 26 de setembro, com 25,7% dos votos. Caso as negociações sejam bem-sucedidas, Scholz deverá ser eleito pelo Bundestag (Parlamento) como sucessor de Angela Merkel no cargo de chanceler federal, comandando o novo governo.
O Partido Verde obteve o melhor resultado da sua história, com 14,8%, e os liberais alcançaram 11,5%. Tradicionalmente uma coalizão de governo necessita alcançar a maioria absoluta no Parlamento (o que também garante a eleição do candidato indicado a chanceler), já que os partidos alemães costumam ser avessos a governos de minoria.
Apesar das diferenças
Se se concretizar, esta será a primeira aliança tripartidária a governar o país desde anos 1950.
“Um novo começo é possível com os três partidos se unindo”, disse Scholz, segundo o qual as sondagens entre os partidos se deram “numa atmosfera muito boa e construtiva”.
Lindner disse que a coalizão tripartite é uma oportunidade. “Se partidos tão diferentes conseguirem chegar a acordos sobre desafios e soluções comuns, essa seria uma oportunidade de unir nosso país, uma chance de que uma possível coalizão seja maior do que a soma de suas partes”, disse. “Estamos convencidos de que há muito tempo não há uma oportunidade como esta para modernizar a sociedade, a economia e o governo.”
A percepção dominante na política alemã é de que os liberais-democráticos e o Partido Verde têm um eleitorado semelhante (jovem, urbano, de elevado nível educacional) e pontos em comum na política social, mas estão muito distantes entre si na política econômica.
Baerbock, que foi a candidata a chanceler federal pelo Partido Verde, afirmou que, apesar das diferenças entre os partidos, foi possível “encontrar pontes” durante as intensivas sondagens preliminares. Ela afirmou que o objetivo é “garantir uma verdadeira renovação por meio de uma coalizão progressista”.
“Coalizão semáforo”
Esta seria a primeira vez que uma “coalizão semáforo” – assim chamada devido às cores dos partidos social-democrata (vermelho), liberal (amarelo) e verde – governaria em nível federal na Alemanha e colocaria fim aos 16 anos de governo conservador sob Merkel.
Chefiado pela chanceler federal, o governo atual é composto pela união entre o partido dela, a União Democrata Cristã (CDU), e seu partido irmão União Social Cristã (CSU) e o Partido Social-Democrata (SPD). A aliança entre as duas maiores bancadas é chamada de “grande coalizão”.
Os conservadores amargaram o pior resultado de sua história nas eleições de setembro, obtendo 24,1% dos votos, e uma repetição da aliança com o SPD foi descartada por ambos os partidos.
Se de fatos iniciadas, as negociações formais de coalizão entre social-democratas, verdes e liberais podem durar meses, prolongando a permanência de Merkel na chefia de governo.