Traslado de estudante morta na Nicarágua depende de documentação
Corpo só pode embarcar com uma certidão de óbito e autorização emitida pelo governo nicaraguense
atualizado
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O corpo da estudante de medicina Raynéia Gabrielle Lima, de 30 anos, assassinada a tiros na semana passada, em Manágua, na Nicarágua já foi embalsamado e aguarda a liberação de documentos para retornar ao Recife, onde mora sua família. Conforme os trâmites legais previstos, o corpo só pode embarcar com uma certidão de óbito da vigilância sanitária, emitido pela Prefeitura de Manágua, e autorização do Ministério da Saúde da Nicarágua.
As informações são da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) de Pernambuco, responsável pelo traslado. A SJDH informou também que a obtenção dos documentos está sendo mediada pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), com o acompanhamento do Governo de Pernambuco.
“Todos os encaminhamentos possíveis já foram dados, independente da transação financeira, inclusive com o apoio constante da casa funerária e da companhia aérea que fará o translado”, diz nota divulgada pela SJDH.
Crime
Raynéia foi morta, na noite de segunda-feira (23), com um tiro no peito. Segundo o reitor da Universidade Americana (UAM), Ernesto Medina, o disparo foi feito por “um grupo de paramilitares” no sul da capital Manágua.
A Nicarágua vive uma crise sociopolítica com manifestações que se intensificaram, desde abril, contra o presidente Daniel Ortega. Ele se mantém há 11 anos no poder em meio a acusações de abuso e corrupção. A repressão aos protestos populares já deixou entre 277 e 351 mortos, de acordo com organizações humanitárias locais e internacionais.
O assassinato da estudante brasileira ocorreu horas depois de Medina participar de um fórum no qual disse que o crescimento econômico e a segurança na Nicarágua antes da explosão dos protestos contra Ortega em abril “era parte de uma farsa” porque “nunca houve um plano que acabasse com a pobreza e a injustiça”.
O governo de Daniel Ortega foi acusado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) pelos assassinatos, maus tratos, possíveis atos de tortura e prisões arbitrárias ocorridas em território nicareguense.