Totó Riina, um dos líderes da Cosa Nostra, morre aos 87 anos
Mafioso, que cumpria 26 penas de prisão perpétua e estava em coma há alguns dias, ordenou a execução de pelo menos 150 pessoas
atualizado
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Salvatore “Toto” Riina, um dos chefões mais sanguinários e temidos da máfia siciliana, morreu nesta sexta-feira (17/11), aos 87 anos, na unidade carcerária de um hospital de Parma, norte da Itália. Mas sua organização criminosa permanece de pé, embora muito mais discreta do que há alguns anos.
Com o apelido “La Belva” (A Fera), Riina espalhou o terror durante quase 20 anos na Sicília e dentro da Cosa Nostra, como também é conhecida a máfia, uma organização que ele controlava desde os anos 1970.
Toto Riina, que cumpria 26 penas de prisão perpétua e estava em coma há alguns dias, ordenou a execução de pelo menos 150 pessoas. Sua mulher e três de seus quatro filhos foram autorizados na quinta-feira (16), pelo Ministério da Saúde, mas não chegaram a visitar o pai.O mais velho deles, Giovanni, cumpre pena de prisão perpétua por quatro homicídios; o mais jovem, Giuseppe, está sob vigilância especial após cumprir uma condenação de oito anos por associação mafiosa. As duas filhas, Maria e Lucia, não têm antecedentes criminais e, enquanto a primeira vive na Púglia, a mais nova ainda mora em Corleone.
Riina havia solicitado a libertação em julho, alegando uma doença grave, mas o pedido foi rejeitado após um tribunal determinar que o atendimento médico na prisão era tão adequado quanto o que receberia fora do sistema penitenciário. Os médicos afirmaram na ocasião que Riina estava “lúcido”.
“Não me arrependo de nada, nunca me curvarei, mesmo que me condenem a 3.000 anos”, afirmou Riina em uma gravação recente.
Cosa Nostra
Riina controlava todas as atividades rentáveis da Cosa Nostra, do tráfico de drogas aos sequestros, passando pela extorsão. Nos anos 1980, estabeleceu a autoridade de seu clã, os Corleone, com uma guerra contra as outras grandes “famílias” de Palermo que deixou centenas de mortos.
A guerra terminou com a vitória de Riina, que em 1982 assumiu o poder total e virou o chefe da “Cúpula” (o Executivo da Cosa Nostra).
A partir deste momento, iniciou uma campanha de violência contra os representantes do Estado.Ele ordenou os assassinatos dos juízes de combate à máfia Giovanni Falcone (1992) e Paolo Borsellino (1993). Também foi um dos cérebros dos atentados que deixaram 10 mortos em Roma, Milão e Florença em 1993.
Nos anos 1990, a máfia conseguiu abalar o Estado italiano, que finalmente reforçou a legislação e criou uma unidade especializada na luta contra o crime organizado, não apenas contra a Cosa Nostra, mas também contra a ‘Ndrangheta (Calabria), a Camorra (Campania) e a Sacra Corona Unita (Apulia).
“Graças a uma luta intensa liderada pela magistratura e as forças de segurança, mas também com o apoio de amplos setores da população durante anos, enfraquecemos o aparato militar da máfia na Sicília”, destaca o promotor Ambrogio Cartosio.