Terrorismo na França: político é preso após celebrar morte de policial
Stephane Poussier responderá por apologia ao terrorismo. Ele considerou “ótimo” que um tenente tenha morrido no ataque em Trèbes, na sexta
atualizado
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Um político francês responderá pelo crime de apologia ao terrorismo depois de celebrar, em uma série de tuítes, a morte de um policial durante ataque terrorista em um supermercado da cidade de Trèbes, no sul da França, na última sexta-feira (23/3). De acordo com a imprensa local, Stephane Poussier, candidato de esquerda que não conseguiu se eleger deputado no ano passado, pode pegar sete anos de prisão, além de pagar uma multa de 100 mil euros.
Poussier foi detido no domingo (25) em sua casa, em Dives-sur-Mer, no nordeste do país. Ele comemorou a execução do tenente-coronel Arnaud Beltrame, que se ofereceu em troca de reféns ao franco-marroquino Radouane Lakdim, de 26 anos, autor do atentado que deixou quatro mortos.
“Sempre que um policial é baleado… Eu penso no meu amigo Remi Fraisse”, escreveu Poussier, de acordo com o jornal La Parisien. O político estava se referindo ao ambietalista Remi Fraisse, morto aos 21 anos, em 2004, durante confrontos com a polícia em Sivens, próximo a Tolouse. “E, desta vez, foi um coronel. Ótimo! Isso também significa um voto a menos para o [presidente Emmanuel] Macron”, continuou.A conta de Poussier no Twitter foi deletada, mas um post com conteúdo similar permanece em sua página no Facebook. Ele foi detido por infringir a lei que proíbe que alguém se expresse favoravelmente a um ato terrorista ou a um crime.
Após as declarações do político, o partido France Insoumise (França Insubmissa) divulgou um comunicado no qual informa a expulsão de Poussier de seu quadro. “As palavras vergonhosas e abjetas de Stephane Poussier não têm qualquer relação com o France Insoumise. Nós as condenamos firmemente. Imediatamente, retiramos esta pessoa do partido”, explicou a legenda.
O ataque
Na manhã da última sexta, Radouane Lakdim roubou um carro em Carcassonne, feriu o motorista e matou seu passageiro. Em seguida, disparou contra quatro policiais na rua e feriu um deles no ombro. Por volta de 11h15, o terrorista invadiu um supermercado em Trèbes, a 15 quilômetros de Carcassonne, onde manteve reféns durante várias horas. Dois deles foram assassinados no local.
Enquanto se barricava na loja, Lakdim declarou ser membro do Estado Islâmico, o que abriu caminho para a reivindicação oficial do grupo terrorista, por meio de sua agência de propaganda, a “Amaq”. O franco-marroquino foi morto pelas forças de segurança.
Policial herói
O tenente-coronel Arnaud Beltrame, que havia ficado gravemente ferido após trocar de lugar com uma refém de Lakdim, não resistiu e morreu em um hospital. Ele foi a quarta vitima dos ataques em Carcassonne e Trèbes.
Beltrame tinha 45 anos e, segundo o presidente Emmanuel Macron, “caiu como um herói”. Em um comunicado, o chefe de Estado disse que o policial merece a “admiração e o respeito de toda a nação”. “Sempre foi assim, ele sempre fez tudo pela pátria, desde que nasceu. Era sua razão de viver”, contou, em entrevista à rádio “RTL”, a mãe do tenente-coronel.
Caso Marielle Franco
O uso equivocado das redes sociais para comentários sobre um crime, incluindo a disseminação de fake news, está em debate no Brasil após a morte da vereadora fluminense Marielle Franco. Assassinada a tiros com o motorista Anderson Pedro Gomes em 14 de março no Rio, a parlamentar foi criticada pelo deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF) e pela desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Ambos publicaram informações mentirosas sobre Marielle.
Fraga é alvo de representação do PSol, partido da vereadora, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados e de uma denúncia por calúnia, enviada pelo PT à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, do Ministério Público Federal (MPF).
No caso de Marília Castro Neves, o PSol entrou, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com representação contra a magistrada após ela ter acusado a vereadora de ser “engajada com bandidos”, ter sido “eleita pelo Comando Vermelho” e descumprido “‘compromissos’ assumidos com seus apoiadores”. O ministro João Otávio de Noronha, corregedor Nacional de Justiça, determinou a abertura de procedimento para investigar as declarações da desembargadora.