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Tempestades na Espanha deixam mais de 95 mortos

Chuvas torrenciais e ventos fortes causaram estragos no sul e leste. Aulas foram canceladas e transporte ferroviário foi interrompido

atualizado

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Carros atingidos pela enchente
1 de 1 Carros atingidos pela enchente - Foto: Getty Images

Tempestades-relâmpago que atingiram a província de Valência, no leste da Espanha, mataram ao menos 95 pessoas, informaram autoridades nesta quarta-feira (30/01). É o pior desastre natural na história recente do país europeu. As inundações arrastaram carros, transformaram ruas de vilarejos em rios e interromperam o tráfego em linhas ferroviárias e rodovias. Várias pessoas ainda estão desaparecidas.

“Estamos diante de uma situação muito difícil”, disse o ministro de políticas territoriais, Angél Víctor Torres. “O fato de que não podemos dizer o número de pessoas desaparecidas indica a magnitude da tragédia.”

Do total de vítimas registradas até agora, 92 eram da região de Valência, duas na vizinha Castela-Mancha e uma na Andaluzia.

O governo da Espanha declarou três dias de luto oficial, a começar na quinta-feira.

Mais chuva em 8 horas que nos 20 meses anteriores

Nesta terça-feira, chuvas torrenciais e inundações causaram estragos em várias partes do país, principalmente em uma ampla área do sul e do leste. Os maiores impactos foram registrados nas regiões costeiras mediterrâneas da Andaluzia, Múrcia e Valência.

Segundo o Aemet, serviço meteorológico do país, Valência recebeu em oito horas mais água de chuva do que nos 20 meses anteriores.

“Ontem foi o pior dia da minha vida”, disse Ricardo Gabaldón, prefeito de Utiel, uma cidade em Valência, ao canal nacional RTVE nesta quarta. Ele contabilizava seis mortos, mais outros ainda desaparecidos. “Ficamos presos como ratos. Carros e contêineres de lixo flutuavam rua abaixo. A água estava chegando a 3 metros de altura”, relatou.

Além das fortes chuvas, houve também queda de granizo e fortes rajadas de vento. O Aemet previu que as tempestades devem continuar até esta quinta-feira.

A força da água arrastou veículos e destroços pelas ruas de várias localidades. A polícia e os serviços de resgate usaram helicópteros para retirar pessoas de casas e carros. O governo da região de Valência pediu aos moradores que se desloquem para terrenos mais altos.

O transporte aéreo e ferroviário também foi afetado. Um trem de alta velocidade com quase 291 pessoas a bordo descarrilou perto de Málaga devido a um deslizamento de terra. A empresa ferroviária estatal Renfe informou que o acidente, porém, não deixou feridos.

Governo cria comitê de crise

O serviço de trens de alta velocidade e outras linhas de passageiros entre Valência e Madri foi interrompido. Aulas tiveram de ser canceladas em várias escolas e universidades. Mais de mil membros dos serviços de emergências da Espanha foram enviados para as áreas atingidas.

A tempestade já havia atingido Mallorca e outras Ilhas Baleares na segunda-feira, onde um alerta amarelo de tempestade ainda está em vigor para algumas áreas.

O governo da Espanha criou um comitê de crise para coordenar os esforços de resgate, que será presidido pelo primeiro-ministro, Pedro Sánchez.

Brigadistas e mais de 1,1 mil soldados da unidade espanhola de resposta a emergências foram deslocados para as regiões afetadas.

Tempestades após fortes secas

As tempestades que atingem a Espanha ocorrem após uma seca severa. Cientistas afirmam que o aumento dos episódios de clima extremo provavelmente está associado às mudanças climáticas. À medida que as temperaturas globais aumentam, o ar mais quente retém mais umidade, o que intensifica os níveis de precipitação.

Atividades humanas, como desenvolvimento urbano, desmatamento e infraestruturas inadequadas, também contribuem significativamente para os riscos de inundações.

Veja mais reportagens como essa na DW, parceiro do Metrópoles. 

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