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Uma das maiores tempestades geomagnéticas em décadas gerou um espetacular show de luzes nos céus de todo o mundo, mas também destacou a importância das previsões de eventos climáticos espaciais potencialmente disruptivos. Esse será um dos temas tratados na próxima reunião do Conselho Executivo da Organização Meteorológica Mundial, OMM, em junho.
De 10 a 13 de maio, as auroras, que são tipicamente vistas nas áreas polares, puderam ser avistadas em latitudes excepcionalmente baixas. Avistamentos espetaculares de auroras boreais, que ocorrem no hemisfério norte, foram observados da Flórida, Itália e Espanha, e auroras austrais, típicas no hemisfério sul, foram relatadas até o norte de Queensland, na Austrália.
Este foi o resultado de uma tempestade geomagnética extrema, a categoria mais alta de todas, de uma série de ejeções de massa coronal, que são como nuvens de material de plasma que são expelidas do sol com alta velocidade para o espaço interplanetário. Essas nuvens de plasma carregam um campo magnético que interage com o campo magnético da Terra.
Embora as auroras sejam um espetáculo impressionante, as tempestades geomagnéticas também têm impactos potencialmente perturbadores, como o estresse que podem impor à rede elétrica devido a correntes induzidas nas linhas de energia e possíveis impactos nas comunicações e operações de satélites.
Eventos solares ocorrendo com mais frequência
A última tempestade geomagnética foi resultado de uma elevada atividade solar. As chamadas regiões ativas, que concentram o fluxo magnético na superfície solar, lançaram na última semana várias explosões de emissão de ondas eletromagnéticas.
Essas explosões impactam a ionosfera terrestre causando apagões de rádio no lado da Terra iluminado pelo sol, e podem resultar em perturbações ou interrupções dos serviços de navegação por satélite.
O cientista do Programa Espacial da OMM, Jesse Andries, disse que “esses eventos solares acontecem regularmente, com sua taxa de ocorrência seguindo um ciclo de onze anos associado à inversão do campo magnético solar geral a cada onze anos”.
Segundo ele, “estamos nos aproximando do ponto máximo do ciclo atual, com eventos solares ocorrendo com mais frequência”.
O especialista afirmou que embora os eventos solares apareçam regularmente, “esta recente tempestade geomagnética é certamente uma das maiores em várias décadas”.
Previsão do clima espacial
A OMM ressalta que o monitoramento e a previsão do clima espacial estão cada vez mais se tornando uma prática operacional, assim como o clima terrestre. O último evento foi previsto com precisão.
Meteorologistas espaciais de todo o mundo monitoram o sol de perto. Eles relatam todos os dias a evolução das regiões ativas na superfície solar e estimam a probabilidade de grandes explosões ocorrerem.
Além disso, eles registram as propriedades do início das ejeções de massa coronal de modo que seja possível estimar o tempo esperado de chegada à Terra. Com base nessas análises, setores críticos e o público em geral são avisados com antecedência sobre os próximos eventos, para que possam tomar medidas de proteção, como desviar rotas de voo para longe dos polos.
Preparação para ameaças
A OMM vem fazendo esforços para integrar o Clima Espacial em suas atividades há mais de uma década e o adotou como um serviço ambiental relacionado em seu Plano Estratégico.
A reunião do Conselho Executivo da OMM em junho deve adotar um novo Plano Quadrienal para as Atividades da OMM relacionadas ao Clima Espacial, para o período de 2024-2027.
O plano aborda os três principais pilares da infraestrutura da OMM: observação da infraestrutura, modelagem e previsão e troca de dados. Além disso, busca avançar as capacidades dos membros da OMM para fornecer serviços valiosos a vários setores econômicos que são propensos a ameaças de erupções solares e consequentes fenômenos climáticos espaciais.