Telescópio flagra explosão cósmica 100 vezes maior que o Sistema Solar
Fenômeno foi considerado a maior explosão cósmica já observada. Causas por trás do evento ainda são um enigma
atualizado
Compartilhar notícia
Pegos de surpresa, astrônomos da Universidade de Southampton, no Reino Unido, divulgaram, nesta sexta-feira (12/5), uma explosão cósmica maior do que o nosso Sistema Solar. Em estudo publicado na revista científica Monthly Notices da Royal Astronomical Society, os pesquisadores mencionam que encontraram o maior fenômeno do gênero já registrado, 100 vezes maior do que a Via Láctea, durante a avaliação de supernovas no universo.
O evento recebeu o nome de AT2021lwx e pode ser visto há três anos. Segundo os pesquisadores, ao se considerar a Terra como ponto de referência, a explosão demorou 8 bilhões de anos-luz até ser visível em um telescópio.
A descoberta havia sido feita, por acaso, em 2020, pelo observatório estadunidense Zwicky Transient Facility, na Califórnia. O episódio ficou registrado no banco de dados, mas só teve uma análise aprofundada no ano seguinte.
“Após saber a distância até o objeto e quão brilhante ele aparece para nós, você pode calcular o brilho em sua fonte. Depois de realizarmos esses cálculos, percebemos que era extremamente brilhante”, relatou, em nota, o coautor da pesquisa Sebastian Hönig.
O enigma por trás da explosão
Agora, os pesquisadores buscam um consenso para a causa por trás do fenômeno. A primeira possibilidade levantada pela equipe é a de que o AT2021lwx tenha sido provocado por uma explosão de uma estrela massiva, chamado de “supernova” pelos pesquisadores da área.
A explicação alternativa envolve o “efeito de maré”, quando uma estrela é dilacerada pela força de atração de um buraco negro próximo.
Nos dois casos, porém, a luz emitida pela explosão observada não corresponde aos fenômenos mencionados.
“A maioria dos eventos de supernovas e perturbações do efeito maré duram apenas alguns meses antes de desaparecer. Algo permanecer brilhante por mais de dois anos é muito incomum”, detalha Philip Wiseman, líder do estudo, na publicação da revista.
Até o momento, o evento visual só pode ser comparado com os quasares, quando duas galáxias se chocam e liberam uma larga quantidade de luz e energia, em decorrência do encontro de buracos negros supermassivos. A hipótese ainda é estudada porque, segundo o estudo, a luz dos quasares é inconstante. No AT2021lwx, o feixe aumentou bruscamente há três anos.
Diante das dificuldades, os astrofísicos focam em uma teoria mais forte. Na avaliação deles, uma nuvem gigantesca de gás, com o tamanho de 5 mil sóis, foi devorada por um buraco negro supermassivo. O problema da hipótese é a de que os buracos negros do tipo normalmente ficam no centro de uma galáxia, o que não existe no caso do AT2021lwx.
“É um verdadeiro enigma”, constata Wiseman.