Tanzaniano refugiado na Inglaterra ganha Prêmio Nobel de Literatura
Abdulrazak Gurnah publicou 10 romances e vários contos. O tema da ruptura do refugiado permeia sua obra
atualizado
Compartilhar notícia
O Prêmio Nobel de Literatura 2021 foi concedido ao tanzaniano Abdulrazak Gurnah, anunciou, nesta quinta-feira (7/10), a Academia Real das Ciências da Suécia.
O prêmio foi dado ao romancista, segundo a academia, devido à “sua penetração intransigente e compassiva dos efeitos do colonialismo e do destino do refugiado no abismo entre as culturas e os continentes”.
Gurnah nasceu em 1948 e cresceu na ilha de Zanzibar, no Oceano Índico, e chegou à Inglaterra como refugiado no fim da década de 1960.
“Após a libertação pacífica do domínio colonial britânico em dezembro de 1963, Zanzibar passou por uma revolução, que, sob o regime do presidente Abeid Karume, levou à opressão e perseguição de cidadãos de origem árabe; massacres ocorreram”, relata a academia, em nota à imprensa.
Gurnah pertencia ao grupo étnico vitimado e, depois de terminar os estudos, foi forçado a deixar a família e fugir do país. Ele tinha 18 anos.
O tanzaniano publicou 10 romances e vários contos. O tema da ruptura do refugiado permeia sua obra. Ele começou a escrever aos 21 anos no exílio e, embora o suaíli fosse sua primeira língua, o inglês se tornou ferramenta literária.
“Em todo o seu trabalho, Gurnah se esforçou para evitar a nostalgia onipresente de uma África pré-colonial mais primitiva. A sua formação é uma ilha culturalmente diversificada no Oceano Índico, com uma história de tráfico de escravos e várias formas de opressão sob várias potências coloniais — portuguesas, indianas, árabes, alemãs e britânicas — e com ligações comerciais com todo o mundo. Zanzibar era uma sociedade cosmopolita antes da globalização”, complementa a academia sueca.