Membro do Talibã dribla sanções da ONU e cumpre agenda no exterior
Alvo de sanções da ONU, chanceler do Talibã participa de encontro da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), em Camarões
atualizado
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Mesmo que seja alvo de sanções e proibições internacionais, o ministro das Relações Exteriores do Afeganistão e membro do Talibã, Amir Khan Muttaqi, mantém uma rotina tranquila de viagens e compromissos no exterior. Nesta quinta-feira (29/8), ele participa do 50º encontro da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), em Camarões.
A viagem do ministro Talibã foi anunciada pelo porta-voz do grupo islâmico, Hafiz Zia Ahmad, em uma publicação no X na última terça-feira (27/8).
“O chanceler Muttaqi está em visita oficial a Yaoundé, Camarões, para participar da 50ª sessão do conselho de ministros das Relações Exteriores da OCI, agendada para 29 e 30 de agosto”, escreveu Ahmad. “Esse engajamento de alto nível envolverá reuniões bilaterais com ministros e representantes dos estados membros da OCI”.
A transparência sobre os compromissos internacionais de Muttaqi, no entanto, contrasta com sanções do Conselho de Segurança da ONU contra o Talibã e associados.
Em 2001, o ministro foi incluindo na lista de membros do grupo islâmico alvo de restrições por parte da ONU, entre elas a proibição de viagens internacionais e o congelamento de ativos.
Ainda assim, Muttaqi já visitou nove países, em 18 viagens, desde que foi indicado ao cargo de chanceler pelo Talibã. Entre elas, um encontro no Catar com o vice-diretor da CIA, David Cohen, meses após o grupo retomar o poder no Afeganistão em 2021.
O evento na África é a primeira agenda externa de Muttaqi neste ano. A última delas aconteceu no fim de dezembro, quando o chanceler afegão participou de uma conferência sobre a Palestina no Irã.
Situação se repete
Além do chanceler, outros membros do Talibã têm repetidamente driblado a pressão internacional contra o grupo, acusado entre outras coisas de enfraquecer os direitos humanos após assumir o governo do Afeganistão.
Em junho deste ano, o ministros dos Assuntos Internos, Sirajuddin Haqqani, viajou sem maiores preocupações aos Emirados Árabes Unidos mesmo sendo alvo da Justiça dos EUA.
Washington classifica Haqqani como terrorista e líder de uma rede que teria cometido crimes como ataques e sequestros contra militares dos EUA no Afeganistão. Uma recompensa de até US$ 10 milhões é oferecida por informações que levem a sua prisão.
Durante uma entrevista em 2008, Haqqani admitiu ser o responsável pelo planejamento de um ataque contra um hotel na capital afegã, Cabul, que matou seis pessoas incluindo um cidadão norte-americano.