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Talibã pratica “apartheid de gênero” com mulheres no Afeganistão, diz ONU

Relatório apresentado no Conselho de Direitos Humanos afirma que tratamento de mulheres no Afeganistão pode configurar “apartheid de gênero”

atualizado

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Liza Anvary, an Afghan refugee, poses behind a wooden window
1 de 1 Liza Anvary, an Afghan refugee, poses behind a wooden window - Foto: LightRocket/Getty Images

A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que a restrição dos direitos de mulheres e meninas desde que o Talibã assumiu o poder no Afeganistão, em 2021, pode ser considerada como “apartheid de gênero”. A denúncia consta em um relatório apresentado nessa segunda-feira (19/6), na 53ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, realizada em Genebra.

“Mulheres e meninas no Afeganistão estão sofrendo discriminação severa que pode equivaler a perseguição de gênero – um crime contra a humanidade – e ser caracterizada como apartheid de gênero, já que as autoridades de fato parecem estar governando por discriminação sistêmica com a intenção de sujeitar mulheres e meninas a dominação total”, afirmam os especialistas responsáveis pelo documento.

Desde que o Talibã assumiu o poder no país, após os Estados Unidos retirarem suas tropas, os direitos de mulheres no Afeganistão foram restritos. Hoje, muitas afegãs estão impedidas de ter acesso a coisas básicas como educação, trabalhar fora de casa, o uso de métodos contraceptivos, além de serem obrigadas a utilizarem o hijab.

Segundo o relatório, a situação provocou um declínio na saúde mental feminina no Afeganistão. Uma pesquisa com 2.112 mulheres mostrou que quase 50% das entrevistadas conheciam pelo menos uma outra que sofria de ansiedade ou depressão desde que o grupo fundamentalista retornou ao poder no país.

Em conversa com repórteres, o relator especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos no Afeganistão, Richard Bennett, pediu que a questão do apartheid de gênero seja vista com maior atenção para que responsáveis sejam punidos.

“Apontamos para a necessidade de mais exploração do apartheid de gênero, que atualmente não é um crime internacional, mas pode se tornar”, disse Bennett.

Talibã rejeita denúncias

Após a divulgação do documento, o principal porta-voz do Talibã rejeitou as críticas ao atual governo afegão, e chamou as denúncias de “propaganda” do Ocidente.

“Existe uma extensa propaganda contra o Emirado Islâmico por parte das Nações Unidas e algumas outras instituições e governos ocidentais”, afirmou Zabihullah Mujahid no Twitter. “O relatório de Richard Bennett sobre a situação no Afeganistão é uma parte dessa propaganda que não corresponde aos fatos”.

No Afeganistão, o Talibã implementou a Sharia, uma lei baseada na interpretação radical do Islã, desde que reassumiu o poder. O governo é constantemente alvo de críticas sobre o enfraquecimento dos direitos humanos no país.

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