Talibã impede entrada de relator da ONU no Afeganistão
Talibã impediu que o relator da ONU sobre direitos humanos entre no Afeganistão, acusando-o de espalhar propaganda falsa sobre o país
atualizado
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O regime do Talibã negou a entrada do relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os Direitos Humanos no Afeganistão, Richard Bennet, no país. A decisão, anunciada na última semana, é baseada em acusações de que a organização estaria “espalhando propaganda”.
“A viagem do sr. Bennett ao Afeganistão foi proibida porque ele foi designado para espalhar propaganda no Afeganistão”, disse o porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid em entrevista à DW. “Ele não é alguém em quem confiamos. Ele não está no Afeganistão e não tem mais permissão para vir aqui. Ele pegou pequenas questões e as exagerou para propaganda”, declarou.
Desde que o Talibã reassumiu o poder no Afeganistão, após a retirada de tropas dos Estados Unidos do país em 2021, o grupo tem acusado a ONU de espalhar informações falsas sobre o país por meio de seus relatórios.
Nos últimos relatórios de Bennett, as principais denúncias de violação aos direitos humanos no Afeganistão são relacionadas a situação das mulheres no país.
A ONU já chegou a afirmar que o Talibã pratica “apartheid de gênero” com as afegãs, que perderam diversos direitos básicos desde que o grupo implementou a sharia no país.
Após o anúncio, o relator especial da ONU pediu que o grupo afegão reveja seu posicionamento.
“Peço ao Talibã que reverta sua decisão e reitero minha disposição e disponibilidade para viajar ao Afeganistão”, escreveu Bennett em um comunicado publicado nessa quarta-feira (21/8).
Mesmo que o Talibã não permita sua entrada no Afeganistão, Bennett prometeu continuar trabalhando as questões dos direitos humanos no país.
“Apesar deste anúncio, cuja substância me foi transmitida anteriormente, continuarei a me envolver com o povo do Afeganistão, tanto dentro quanto fora do país, bem como com outras partes interessadas relevantes, observando que não viajei para o Afeganistão por mais de um ano. Também continuarei a documentar violações e abusos de direitos humanos e a defender melhorias”, declarou.