Taiwan mostra por que é tão difícil prever terremotos
Segundo cientistas, a principal dificuldade em fazer previsões de sismos está relacionada à imprevisibilidade dos terremotos
atualizado
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Com o mais recente terremoto em Taiwan, de magnitude entre 7,2 a 7,4, um questionamento surgiu: “Por que não é possível prever esses fenômenos naturais?”. Para responder essa pergunta, o Metrópoles conversou com especialistas em sismologia que afirmaram que a principal dificuldade em fazer previsões de tremores de terra está relacionada à imprevisibilidade.
Masato Kobiyama, professor de gestão de desastres naturais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que há muitos sinais que não são visíveis em um primeiro momento, desta forma, a previsão de um tremor torna-se cada vez mais complicada. Além de os terremotos ocorrerem em questão de segundos, eles dão poucos ou quase nenhum indício.
Segundo ele, “muitas pessoas pensam que existe previsão de terremoto igual a do tempo”, o que são casos totalmente diferentes. Por conta dessa confusão, o professor defende a existência de projetos para educar a sociedade em relação a casos sobre desastres e fenômenos naturais.
Kobiyama reforça que a ciência não ser capaz de prever um terremoto não significa que há “incompetência”. Ele diz que, com a tecnologia e equipamentos de monitoramento atuais, não é possível estimar a força ou alcance dos abalos sísmicos.
Na mesma linha de Kobiyama, o professor da Universidade de São Paulo (USP) Bruno Collaço reforça que é difícil prever um terremoto porque “os tremores acontecem em grandes profundidades”, que são de de “difícil acesso até para a tecnologia mensurar”.
Collaço explica que não há mecanismos capazes de detectar esses pontos de energias acumuladas frutos da fricção entre as placas tectônicas: “Não tem tecnologia para isso e as coisas [placas tectônicas] não estão na superfície, por isso é tão difícil”.
O professor ainda cita que já foram testadas algumas formas para prever os tremores, como por meio da análise de efeitos atmosféricos (emissão de gases) e de efeitos magnéticos, e nenhum se “mostrou capaz de antecipá-los”.
Apesar de não conseguir prever, depois que um tremor acontece, é possível identificar a origem do terremoto.
O terremoto em Taiwan
Considerado o “terremoto mais forte dos últimos 25 anos”, o sismo que atingiu o litoral leste de Taiwan, por volta das 9h (22h de terça-feira no horário de Brasília) dessa quarta-feira (3/4), registrou magnitude de 7,2 na Escala Richter, de acordo com a agência de monitoramento de terremotos taiwanesa. Por outro lado, o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês) informou que o fenômeno teve magnitude de 7,4.
Até o momento, o terremoto deixou nove mortos e 1.011 feridos. Conforme a Administração Central de Meteorologia (CWA) de Taiwan, o epicentro do sismo ocorreu a cerca de 25 km a sudeste da cidade de Hualien, a uma profundidade de 15,5 km.
Em comunicado, o diretor do Centro Sismológico de Taipei, Wu Chien-fu, explicou tratar-se do “terremoto mais forte dos últimos 25 anos” que atingiu a ilha “próximo da terra e pouco profundo”, sendo “sentido em todo o país e nas ilhas próximas”.
Confira os estragos causados em Taiwan: