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Sul ucraniano é sitiado: bombardeios bloqueiam acesso ao Mar de Azov

Cidades da Ucrânia estão sob fortes ataques. Nove pessoas morreram em Zaporíjia e governo impõe toque de recolher. Mariupol está em colapso

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cidade portuária Mariupol, na Ucrânia
1 de 1 cidade portuária Mariupol, na Ucrânia - Foto: DW/Reprodução

Nas últimas horas, as tropas russas intensificaram os ataques ao sul ucraniano. Cidades estão sob fortes ataques, e o governo da Ucrânia admite que perdeu o acesso ao Mar de Azov.

Neste sábado (19/3), a guerra completa 24 dias. A invasão e os bombardeios russos começaram em 24 de fevereiro. Russos e ucranianos tentam sem sucesso negociar um acordo de cessar-fogo.

O Ministério da Defesa da Ucrânia admitiu ter perdido o acesso ao Mar de Azov “temporariamente”, sem especificar se a passagem foi retomada em algum momento.

“Os invasores tiveram sucesso parcial no distrito operacional de Donetsk, temporariamente privando a Ucrânia de acesso ao Mar de Azov”, disse o ministro Oleksii Reznikov em comunicado.

O mar é uma porção secundária do Mar Negro, uma das mais importantes rotas comerciais do mundo, que banha o sul da Ucrânia e a região da Crimeia, anexada pelos russos em 2014.

Quartel bombardeado

O Exército russo realizou ataque em grande escala e matou pelo menos 40 soldados em um quartel-general ucraniano. Informações iniciais divulgadas neste sábado (19/3) pela imprensa local, citando autoridades ucranianas, detalha que o atentado ocorreu em Mykolaiv, no sul da Ucrânia.

Um soldado entrevistado no local do ataque afirmou que “nada menos que 200 soldados dormiam no quartel”. Pelo menos 50 militares foram socorridos, mas não se sabe quantos ficaram sob os escombros.

Localizado no norte da cidade, o quartel foi completamente devastado após ser atingido por seis foguetes.

Ataques

A Rússia confirmou ter intensificado os ataques na região. Um bombardeio em Zaporíjia, sul da Ucrânia, matou nove pessoas e feriu outras 17 nessa sexta-feira (18/3).

Segundo o vice-prefeito Anatoli Kurtiev, a cidade foi bombardeada com morteiros, tanques, helicópteros e sistemas de foguetes da Rússia. A prefeitura de Zaporíjia impôs toque de recolher de 38 horas.

Mariupol, cidade portuária, que é o último grande centro ucraniano a resistir na faixa entre a Crimeia e o território russo, está sob ataques constantes.

Lá, 80% das residências da cidade estão completamente destruídas. Somente nesta semana, 30 mil pessoas fugiram. As informações são do governo ucraniano.

Mariupol está sitiada há mais de 10 dias. Lá, uma maternidade foi bombardeada, assim como um teatro que servia de abrigo.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

Getty Images
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

 

Zelensky pede cessar-fogo

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse, em um pronunciamento gravado, que as negociações com Moscou são “a única chance” para a Rússia reduzir os danos provocados.

“Negociações significativas sobre segurança e paz para a Ucrânia são a única maneira como a Rússia pode reduzir os danos de seus próprios erros”, afirmou.

Ele ainda pediu. “É hora de nos encontrarmos. É hora de conversar. É hora de reinstalar a integridade territorial da Ucrânia. Caso contrário, as perdas da Rússia serão tão grandes que será preciso várias gerações para voltar a crescer”, finalizou.

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