Suíça sequestra US$ 100 milhões das contas da Odebrecht
Valor será usado para abater multa de cerca de R$ 700 milhões que a empreiteira e a Braskem se comprometeram a pagar para encerrar processos
atualizado
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O Ministério Público da Suíça sequestrou cerca de US$ 100 milhões (R$ 327 milhões) que a Odebrecht tinha em contas secretas usadas para pagar propina no Brasil e em 11 países.
As informações são da Folha de São Paulo. O valor, segundo o jornal, será usado para abater a multa de cerca de R$ 700 milhões que a empreiteira e a Braskem, o braço petroquímico do grupo, se comprometeram a pagar no país europeu para encerrar cerca de 60 processos criminais.
Por meio de empresas de fachada entre 2008 e 2014, a Odebrecht movimentou US$ 212 milhões na Suíça, segundo documentos do país.
A Odebrecht reconheceu para as autoridades suíças que lavou dinheiro e não tomou as medidas para evitar que recursos depositados no sistema bancário de lá fossem usados para pagar propina. A legislação da Suíça obriga toda empresa que abre uma conta a se comprometer que tomará as medidas para evitar o pagamento de suborno.
O acordo com as autoridades suíças foi assinado na quarta (21/12), mesmo dia em que o grupo selou negociação com autoridades dos EUA. O acerto com a Suíça fala em compensação de fundos, mas não cita o valor de cerca de US$ 100 milhões, apurado pela Folha com pessoas que participaram da negociação.O acordo da Odebrecht e da Braskem com Brasil, EUA e Suíça é considerado o maior do mundo, ao estipular uma multa de R$ 6,9 bilhões a ser paga em 23 anos. No final desse período, com a inclusão de juros, o valor deve chegar a R$ 11,4 bilhões (ou US$ 3,5 bilhões).
Até então o maior acerto desse tipo havia sido selado pela Siemens com autoridades americanas e europeias, com multa de US$ 1,6 bilhão.
Enquanto a Odebrecht conseguiu um prazo de 23 anos para pagar a indenização ao governo dos EUA, evitando que o grupo quebre, a Suíça receberá praticamente a metade da multa em uma parcela. Os valores estavam bloqueados pelos procuradores suíços desde 2014, quando as autoridades de lá passaram a cooperar com a Lava Jato.
Mesmo para os padrões suíços, a Lava Jato é considerada o maior escândalo já ocorrido em bancos de lá. Autoridades bloquearam US$ 800 milhões ligados à apuração brasileira. É um recorde mesmo para os padrões de ditadores, como Ferdinando Marcos, das Filipinas (US$ 650 milhões em valores atuais) e Sani Abacha, da Nigéria (US$ 620 milhões).
Resposta da Odebrecht e da Braskem
Em comunicado enviado na última quarta (21), quando assinou os acordos com os EUA e Suíça, a empresa afirmou: “A Odebrecht se arrepende profundamente da sua participação nas condutas que levaram a este acordo e pede desculpas por violar os seus próprios princípios de honestidade e ética”.
A empresa disse que assume “o compromisso com práticas empresariais éticas e de promoção da transparência em todas as suas ações”.
No mesmo dia, a Braskem afirmou que “reconhece a sua responsabilidade pelos atos de seus ex-integrantes e agentes e lamenta quaisquer condutas passadas”.