metropoles.com

Síria: rebeldes anunciam governo de transição após queda de Assad

O novo primeiro ministro Bashir afirma que este é um momento para a população síria viver um tempo de “estabilidade e calma”

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução/X
Mohammed al-Jolani, líder rebelde na Síria
1 de 1 Mohammed al-Jolani, líder rebelde na Síria - Foto: Reprodução/X

Os insurgentes sírios que derrubaram o ditador Bashar al-Assad nomearam nessa terça-feira (10/12) o novo chefe de governo que vai liderar a transição de poder na Síria após 13 anos de guerra civil e cinco décadas sob o regime da família Assad.

Num breve anúncio na televisão estatal, Mohammad al-Bashir afirmou que assume o cargo de “novo primeiro-ministro da Síria” e vai comandar o país até 1° de março de 2025. Ainda não está claro se após esta data o governo interino vai promover eleições livres.

“Hoje realizamos uma reunião de gabinete que incluiu uma equipe do governo de Salvação que estava trabalhando em Idlib e seus arredores, e o governo do regime deposto”, disse ele. “A reunião teve como tema principal a transferência dos arquivos e instituições para assumirmos o governo.”

No anúncio, ele se posicionou diante de duas bandeiras: a bandeira verde, preta e branca, com três estrelas vermelhas, hasteada pelos oponentes de Assad durante a guerra civil, e uma bandeira branca com o juramento islâmico escrito em preto, tipicamente hasteada por combatentes islâmicos sunitas.

Em entrevista à rede de televisão Al Jazeera, Bashir disse que este é um momento para a população síria viver um tempo de “estabilidade e calma”.

Quem é Mohammad al-Bashir

Formado em engenharia e direito islâmico e civil, al-Bashir dirigia desde janeiro deste ano o “governo de salvação”, nome dado pelos insurgentes à gestão que comandava o reduto rebelde de Idlib. Antes, ele trabalhou para o ministério do grupo rebelde responsável pela área de “ajuda humanitária” e na empresa estatal de gás na Síria, segundo sua biografia.

Al-Bashir tem relações próximas com o grupo radical islâmico Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham, ou HTS), antigo braço sírio da rede terrorista Al Qaeda que comandou a ofensiva contra Damasco.

Ele também é próximo do líder do HTS, Abu Mohammed al-Jolani (foto em destaque), que tem tentado se posicionar internacionalmente como um estadista pragmático desde que as tropas insurgentes derrubaram Assad.

Jolani, que agora usa seu nome verdadeiro, Ahmed al-Sharaa, prometeu não hesitar até “responsabilizar os criminosos, assassinos, oficiais de segurança e do exército envolvidos na tortura do povo sírio”. Ele comandou as conversas com o primeiro-ministro anterior, Mohammed al-Jalali, para designar um governo de transição.

Incertezas

O novo governo na Síria encerra cinco décadas de comando da família Assad no país e assume a gestão sob uma profunda incerteza após o colapso de uma ditadura que administrava todos os aspectos da vida cotidiana.

A derrubada de Assad, que mantinha uma complexa rede de prisões e centros de detenção, provocou comemorações em todo o país e no mundo. A guerra civil síria matou 500 mil pessoas e forçou metade da população do país a fugir de suas casas, milhões encontrando refúgio no exterior.

A incursão de Israel no sudoeste do país e seus ataques aéreos às bases do exército sírio, agora desmobilizado, porém, será o primeiro desafio do governo interino. Nesta terça-feira, forças israelenses avançaram por terra para além da zona desmilitarizada, estabelecida na Síria após a Guerra do Yom Kippur, de 1973, e também destruíram a frota de navios de guerra sírios. Israel, porém, diz que o objetivo de suas tropas não é avançar até Damasco, e sim criar uma “zona de proteção” contra o “terrorismo”.

“Não estamos envolvidos no que está acontecendo na Síria internamente, não estamos em um lado desse conflito e não temos temos nenhum outro interesse além de proteger nossas fronteiras e a segurança de nossos cidadãos”, disse um porta-voz do Exército israelense.

Apoio internacional

Num sinal de que os países estão prontos para trabalhar com o HTS, o enviado da ONU à Síria minimizou a designação do grupo como organização terrorista. O HTS tem enfatizado seu rompimento com suas raízes jihadistas em busca de apoio internacional.

“A realidade é que, até o momento, o HTS e também os outros grupos armados têm enviado boas mensagens ao povo sírio, de unidade, de inclusão”, disse Geir Pedersen em Genebra. Em Damasco, bancos, lojas e centros comerciais reabriram nesta terça-feira.

Leia mais reportagens como essa no DW, parceiro do Metrópoles.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?