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Jejum de seita para “conhecer Jesus” mata mais de 70 no Quênia

Mais 29 pessoas desnutridas foram resgatadas da seita. Segundo polícia, um pastor evangélico incentivou os fiéis a fazerem jejum

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1 de 1 seita-religiosa-quênia-deixa-58-vítimas - Foto: REX/SHUTTERSTOCK

A polícia do Quênia investiga o caso de um pastor evangélico responsável pela morte de pelo menos 70 fiéis de uma seita, em Malindi, após incentivá-los a jejuarem até conhecer Jesus. O número de 58 vítimas foi confirmado nesta segunda-feira (24/4) pelas autoridades quenianas. Mais tarde, o total de mortes subiu para 73.

A equipe responsável pelo caso trabalha para confirmar a hipótese de que as vítimas morreram de fome. Mais 29 integrantes do movimento foram resgatados e hospitalizados com sinais de desnutrição desde 14 de abril, quando o suspeito foi preso.

Makenzie Nthenge é pastor e fundador da Igreja Internacional das Boas Novas. De acordo com as investigações, o líder incentivou um grupo de religiosos a passarem por uma greve de fome na floresta de Shakahola, onde as valas com os corpos foram encontrados.

Os policiais acreditam que mais fiéis estejam escondidos enquanto se negam a interromper o jejum.

No domingo (23/4), os agentes encontraram na mata uma mulher com os olhos fora da órbita, enquanto se recusava a aceitar alimentação. Diante da negativa, ela foi transportada em uma ambulância e encaminhada para atendimento médico.

Cena de crime

Os 323 hectares da floresta de Shakahola foram isolados e declarados como uma cena de crime pelo ministro do interior do Quênia, Kithure Kindiki, para que as equipes continuem com as atividades de resgate.

“Quando chegamos a uma área da floresta onde vemos uma cruz grande e alta, sabemos que isso significa que mais de cinco pessoas estão enterradas ali”, relatou Victor Kaudo, do Centro de Justiça Social de Malindi, à imprensa local.

Entre as sepulturas encontradas, a polícia acredita que uma contenha os corpos de dois pais e três crianças, todos da mesma família.

Crimes anteriores

Makenzie Nthenge está detido há 10 dias na cidade de Malindi, enquanto aguarda julgamento. Ele comparecerá a uma audiência com juiz no dia 2 de maio. O líder alega que não fez nada de errado e que sua igreja encerrou as atividades em 2019.

Nthenge já havia sido detido no último mês depois de ser acusado de incentivar o jejum para duas crianças da cidade, que morreram de fome. Na época, o pastor pagou uma fiança equivalente a 740 dólares e foi liberado. Antes desse episódio, ele também foi preso por usar a Bíblia para convencer filhos de fiéis a deixarem de frequentar a escola.

“O que vimos em Sakhola é algo característico de terroristas”, afirmou o presidente queniano, William Ruto, durante cerimônia de funcionários do sistema prisional nesta segunda. “Os terroristas usam a religião para promover seus atos hediondos. Pessoas como Mackenzie utilizam a religião para fazer exatamente o mesmo”, destacou.

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