Secretário particular de Cristina Kirchner quer fazer delação premiada
Depoimento no “escândalo dos cadernos da corrupção” pode ser comprometedor
atualizado
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O antigo secretário particular da ex-presidente argentina Cristina Kirchner (2003-2015), Fabián Gutiérrez, pediu à Justiça do país para depor como arrependido, processo semelhante à delação premiada no Brasil. As informações estão no jornal O Globo desta sexta-feira (28/9).
Gutiérrez é considerado uma das pessoas mais próximas ao círculo de Kirchner desde a sua ascensão ao poder e um depoimento seu poderia comprometer a ex-mandatária, já processada como suposta líder de um esquema de arrecadação de subornos com empresas privadas de até US$ 15 bilhões.
Gutiérrez depôs nesta sexta-feira em Buenos Aires, no âmbito da investigação do chamado “escândalo dos cadernos da corrupção”, comparada à Lava-Jato e comandada pelo juiz Claudio Bonadio e pelo promotor Carlos Stornelli. Ele foi secretário da Presidência de 2003 a 2010 e permaneceu próximo a Cristina até ela deixar o poder, em dezembro de 2015.
O ex-secretário foi preso na noite de terça-feira (25), por ordem de Bonadio, acusado de suposto enriquecimento ilícito. Seu advogado afirmou perante a Corte que o cliente, funcionário por quase três décadas dos Kirchner, está disposto a contar tudo o que sabe sobre esquemas da ex-família presidencial.
Gutiérrez foi mencionado na investigação por outro “arrependido”, José Francisco López, ex-secretário de Obras Públicas do governo de Cristina Kirchner. Ele afirmou que Gutiérrez o pediu para esconder US$ 9 milhões de dólares, que teriam sido encontrados em um convento. Gutiérrez teria enriquecido enquanto exercia cargos públicos.
Depois que Kirchner deixou a Presidência, Gutiérrez foi morar em El Calafate, na Patagônia, onde adquiriu várias propriedades.
Segundo o jornal “Clarín”, que fez oposição ao governo de Cristina, a movimentação financeira foi tamanha que levantou suspeitas da Unidade de Informação Financeira, mecanismo de análise e investigação de crimes de lavagem de dinheiro, que o denunciou ao juiz Marcelo Martínes De Giorgi.