Secretário-geral da ONU rebate acusações de apoio ao ataque do Hamas
Após criticar “ocupação sufocante” da Palestina, António Guterres disse que “condena de maneira inequívoca” os atos de terror do Hamas
atualizado
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O secretário-geral da ONU, António Guterres, rebateu nesta quarta-feira (25/10) críticas sobre partes de seu discurso de abertura do Conselho de Segurança, na terça (24/10). Na ocasião, Guterres criticou a ocupação da Palestina por Israel e afirmou que “os ataques do Hamas não aconteceram do nada”.
“É importante reconhecer que os atos do Hamas não aconteceram por acaso. O povo palestino foi submetido a 56 anos de uma ocupação sufocante. Eles viram suas terras serem brutalmente tomadas e varridas pela violência. A economia sofreu, as pessoas ficaram desabrigadas e suas casas foram demolidas”, afirmou Guterres durante o discurso de terça.
Porém, o secretário havia complementado dizendo que “o sofrimento do povo palestino não poderia justificar os ataques do Hamas”. Mesmo assim, as autoridades israelenses condenaram os comentários, acusando Guterres de apoio ao grupo extremista islâmico.
No mesmo dia, o enviado de Israel à ONU, Gilad Erdan, pediu a demissão do secretário-geral, alegando que o secretário endossou os ataques do Hamas, e que Israel deveria repensar suas relações com a organização mundial. Além disso, o ministro das Relações Exteriores israelense, Eli Cohen, desmarcou uma reunião agendada com Guterres.
Em resposta, nesta quarta-feira, o secretário fez uma coletiva de imprensa para rebater as acusações e destacou estar chocado com as interpretações erradas ao seu discurso. Disse ainda que “condena de maneira inequívoca” os atos de terror praticados pelo Hamas no dia 7 de outubro.
“Estou chocado com as interpretações erradas de algumas das minhas declarações de ontem no Conselho de Segurança – como se eu estivesse justificando os atos de terror do Hamas. Isso é falso, foi o oposto”, disse durante pronunciamento.
Após a repercussão negativa, Guterres afirmou ser necessário esclarecer sua posição “por respeito às vítimas e às suas famílias”.
“Nada pode justificar o assassinato, o ferimento e o rapto deliberado de civis – ou o lançamento de foguetes contra alvos civis”, disse. “No início da minha fala de ontem, afirmei claramente – e volto a citar: ‘Condeno inequivocamente os horríveis e sem precedentes atos de terror de 7 de outubro cometidos pelo Hamas em Israel.'”
Em represália aos comentários de Guterres, Erdan afirmou que recusou o visto do chefe de Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, à rádio do exército de Israel. “Recusaremos conceder vistos a representantes da ONU. Já nos recusamos a dar um ao subsecretário-geral para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths. É hora de ensinar uma lição a eles.”