Unicef denuncia elevada desnutrição entre crianças na Venezuela
Para órgão, governo chavista tem evitado divulgar um levantamento sobre qual seria a dimensão da crise
atualizado
Compartilhar notícia
O Unicef alertou nesta sexta-feira (26/1), em uma entrevista coletiva na ONU, que o número de crianças venezuelanas que sofre de desnutrição vem aumentando, como resultado da crise econômica que o país enfrenta. O órgão também deixou claro que o governo tem evitado divulgar um levantamento sobre qual seria a dimensão da crise e apontou que os últimos dados oficiais são de 2009.
“Ainda que dados precisos não estejam disponíveis em razão de informações oficiais muito limitadas do setor de saúde, há claros sinais de que a crise está limitando o acesso de crianças aos serviços de saúde, remédios e alimentos”, declarou a entidade.
O Unicef, diante da situação, apela para que seja implementado um programa de emergência para “conter a má-nutrição” e o governo aceite trabalhar com parceiros.A agência da ONU destaca que os últimos dados oficiais da Venezuela sobre a questão da fome são de 2009. Naquele ano, 3,2% das crianças com menos de 5 anos estavam abaixo do peso. Mas, na avaliação do Unicef, estudos recentes de entidades independentes apontam que o número registrou um “aumento significativo”.
Um relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), por exemplo, indicou que a desnutrição, de uma forma geral, na população aumentou de 10,5% para 13% entre 2004 e 2016. Em outro documento da Cáritas, citado pela Unicef, 15,5% das crianças com menos de cinco anos estão abaixo do peso. Meio ano antes, essa taxa era de 11%.
“Ainda que esses estudos não representem toda a população, são indicadores da contínua deterioração do estado de nutrição de crianças”, alertou o porta-voz da Unicef, Christophe Boulierac.
A agência destacou que o governo venezuelano tem tomado medidas para “mitigar o impacto da crise”. “Mais, porém, precisa ser feito para reverter a queda preocupante da nutrição entre as crianças”, alertou.
Questionado sobre quais medidas a Unicef sugeriria, Boulierac insistiu que a prioridade é que o governo aceite fazer um levantamento realista da dimensão do problema hoje no país. “São relatórios urgentes e essenciais”, afirmou.
Em um recado claro às autoridades de Caracas, a agência insistiu que está “pronta” para ajudar o governo a fazer os alimentos chegarem às crianças mais vulneráveis.
Nos últimos meses, o governo venezuelano tem hesitado em aceitar ajuda internacional. Segundo o Unicef, uma série de projetos de cooperação já estão ocorrendo para tentar fortalecer o monitoramento da desnutrição, além de apoio real em diversos setores para permitir que 113 mil crianças sejam beneficiadas.