Unicef: 2,6 milhões de recém-nascidos morrem todos os anos
Relatório afirma que 1 milhão morre já no primeiro dia e que cerca de 80% das mortes poderia ter sido evitada com cuidados básicos
atualizado
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Em todo o mundo, 2,6 milhões de bebês morrem anualmente antes do primeiro mês de vida, afirmou nesta terça-feira (20/2) o Unicef. Um milhão morre já no primeiro dia de vida. Outros 2,6 milhões são natimortos.
O fundo para a infância da ONU afirma que bebês nascidos em países instáveis e empobrecidos morrem devido à falta de cuidados básicos e que os riscos podem ser 50 vezes mais altos do que em países mais ricos.Cerca de 80% das mortes de recém-nascidos poderiam ter sido evitadas com cuidados básicos, segundo relatório do Unicef. Os países mais afetados são pobres, atingidos por conflitos ou com instituições fracas.
Os países onde há as melhores chances de sobrevivência para recém-nascidos são Japão, Islândia, Finlândia, Cingapura, Estônia, Eslovênia, Chipre, Bielorrússia, Luxemburgo, Noruega e Coreia do Sul.
Os países com menores chances de sobrevivência são Paquistão, República Centro-Africana, Afeganistão, Somália, Lesoto, Guiné-Bissau, Sudão do Sul, Costa do Marfim, Mali e Chade.
No Paquistão, por exemplo, a probabilidade de morte é de um em 22 nascimentos, enquanto no Japão é de apenas um em cada 1.111 nascimentos.
O estudo do Unicef mostrou que, embora os últimos 25 anos tenham testemunhado grande redução na mortalidade de bebês entre 1 mês e 5 anos de vida, não houve progresso semelhante na redução das mortes entre recém-nascidos.
Brasil: 108º pior país para recém-nascidos
Para o estudo, o Unicef analisou 184 países e os separou em quatro grupos — renda alta (50 países), média alta (51), média baixa (52) e baixa (31). O Brasil foi listado como país de renda média alta e, dentro desse grupo, alcançou o 28º pior resultado — empatado com o México — com 7,8 mortes neonatais a cada mil nascimentos.
O Brasil ficou à frente de Granada e Macedônia (26º e 8,3 mortes) e atrás do Peru (30º e 7,5 mortes). Melhor resultado neste grupo foi alcançado pela Bielorrússia (51º e 1,5 mortes), enquanto o pior país foi a Guiné-Equatorial (1º e 32 mortes).
Se for usada apenas a taxa de mortalidade infantil, o Brasil é o 108º pior entre os 184 países pesquisados, ou o 76º melhor.
A Alemanha está listada como país de renda alta e ocupa a 29ª pior colocação, com 2,3 mortes de recém-nascidos a cada mil nascimentos – empatada com a Grécia, à frente da Letônia e pior que a Austrália. Nesse grupo de 50 países, o melhor resultado foi obtido pelo Japão (0,9 mortes) e o pior foi o de Trinidad e Tobago (12,6 mortes).
Mortalidade neonatal evitável
De acordo com o relatório, mais de 80% das mortes de recém-nascidos podem ser prevenidas, “com acesso a parteiras bem treinadas, juntamente com soluções comprovadas, como água limpa, desinfetantes, amamentação dentro da primeira hora, contato de pele com pele e boa nutrição”.
O estudo apontou ainda que os recém-nascidos não morrem de causas médicas, mas devido ao precário acesso a cuidados básicos. Na maioria dos países que apresentam os piores resultados, pobreza, conflitos civis ou instituições enfraquecidas afetam o acesso à saúde maternal e neonatal.
“Apenas alguns pequenos passos de todos nós podem ajudar a garantir os primeiros pequenos passos de cada uma dessas vidas jovens”, disse a diretora-executiva do Unicef, Henrietta H. Fore.
Embora os bebês nascidos em países mais ricos tenham geralmente uma melhor chance de sobrevivência, há diferenças dentro desses países. Recém-nascidos de famílias mais pobres têm 40% mais chances de morrer do que aqueles nascidos em famílias mais abastadas.
Os Estados Unidos, um país afluente e com considerável desigualdade de renda e lacunas no acesso aos cuidados de saúde, não foram classificados entre os dez países mais seguros para recém-nascidos – os EUA ocuparam apenas a 41º colocação.
“A vontade política de investir pesado em sistemas de saúde é crítica”, afirma o relatório da Unicef, que foi publicado como parte da nova campanha mundial da organização, Every Child Alive, uma inciativa que promove “soluções acessíveis e de qualidade de cuidados de saúde para cada mãe e recém-nascido” em todo o mundo.
O Ruanda foi um exemplo de como países de baixa renda podem fazer melhorias excepcionais no combate à mortalidade infantil. O pobre país africano reduziu mais do que pela metade a taxa de mortalidade neonatal entre 1990 e 2016.