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Unaids: 48% das crianças vivendo com HIV não têm acesso a medicamentos

Enfrentamento da pandemia da Covid-19 em 2020 e 2021 deixou medidas para conter o HIV em segundo plano, diz relatório da ONU

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Imagem mostra fita laranja, símbolo da aids e hiv, na mão de uma pessoa - Metrópoles
1 de 1 Imagem mostra fita laranja, símbolo da aids e hiv, na mão de uma pessoa - Metrópoles - Foto: Burak Karademir/Getty Images

O enfrentamento à pandemia da Covid-19 nos últimos dois anos redirecionou verbas e as atenções de autoridades sanitárias para o enfrentamento do vírus letal, e até então desconhecido. Outra pandemia, enfrentada há décadas, voltou a colocar milhões de vidas em risco. É o que mostra o relatório Em Perigo, produzido pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) e divulgado nesta quarta-feira (26/7).

O crescimento na quantidade de pessoas em tratamento ficou mais lento em 2021 se comparado aos dez anos anteriores no enfrentamento ao HIV. Cerca de 10 milhões de pessoas infectadas no mundo todo ainda não têm acesso aos antirretrovirais, responsáveis por controlar o vírus no organismo. No mundo, 48% das crianças diagnosticadas com a infecção não estão em tratamento. A lacuna na cobertura do controle do HIV entre crianças e adultos está aumentando em vez de diminuir, aponta o relatório.

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Número estimado de crianças menores de 15 anos vivendo com HIV em 2021
Dados relacionados a novas infecções por HIV em crianças menores de 15 anos, segundo o Unaids
HIV: estimativas globais de 2021 para adultos e crianças
Estimativas globais específicas para crianças com menos de 15 anos em 2021
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Número de crianças menores de 15 anos vítimas de doenças relacionadas à Aids

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Número estimado de crianças menores de 15 anos vivendo com HIV em 2021

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Dados relacionados a novas infecções por HIV em crianças menores de 15 anos, segundo o Unaids

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Estimativas globais específicas para crianças com menos de 15 anos em 2021

Em 2021, o Unaids estima que 1,7 milhão de crianças com menos de 15 anos viviam com HIV em todo o mundo. Cerca de 160 mil novas infecções, dentro da faixa etária, foram detectadas no decorrer do ano passado. A estimativa do relatório é que 98 mil pequenos tenham morrido pela doença no mesmo período.

A África Oriental e Austral concentrou um milhão de novos casos em crianças com menos de 15 anos. Logo atrás, vem a África Ocidental e Central, com 420 mil infecções recém adquiridas, seguidas pelas regiões da Ásia, do Pacífico (130 mil) e a América Latina (33 mil).

Entre 2020 e 2021, o mundo teve menor declínio anual de novas infecções desde 2016, segundo o braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para o enfrentamento à Aids. África Ocidental, África Central e Caribe conseguiram reduzir os casos, enquanto a maior parte do mundo enfrentou aumentos no período (Europa Oriental, Ásia Central, Oriente Médio, Norte da África e América Latina).

Com 1,5 milhão de novas infecções em 2021, o número ficou mais de um milhão acima da meta para controle da doença. Foram 650 mil mortes registradas por Aids no mesmo ano.

“As grandes desigualdades dentro dos países e entre eles estão paralisando o progresso na resposta ao HIV, o que acaba alimentando um círculo vicioso, gerador de mais desigualdade”, destaca o Unaids.

Cenário nacional

No Brasil, dois grupos chamam atenção por concentrarem um grande número de novas infecções: jovens entre 15 e 29 anos, responsáveis por 43,8% dos casos identificados em 2020, e gestantes, com aumento de 30,3% na detecção dentro do grupo. Os dados são do mais recente boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, em dezembro de 2021.

O Unaids estima que 960 mil pessoas viviam com HIV no Brasil em 2021. Destas, 88% sabiam ser soropositivas para o vírus da Aids; 73% deles estavam em tratamento e 69% se encontravam em supressão viral – que é quando o vírus se torna indetectável no organismo, logo intramissível.

Apesar de a campanha brasileira de combate ao HIV ser considerada exemplar, muitos infectados com o vírus ainda não têm acesso ao tratamento. O estigma, a discriminação e a desigualdade social dificultam que este público chegue aos serviços de saúde.

“Além de afetar o bem estar e a vida de milhões de pessoas, a continuidade dessas barreiras de desigualdade pode impedir que a meta de acabar com a pandemia de Aids como ameaça à saúde pública até 2030 seja alcançada”, ressalta Claudia Velasquez, diretora e representante do Unaids no Brasil.

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