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Pela primeira vez, vacina protege contra gonorreia, mostra estudo

A vacina contra meningite B apresentou redução de 30% no contágio da DST, em um estudo publicado na revista científica The Lancet

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A aplicação em massa de uma vacina contra meningite B na Nova Zelândia reduziu em mais de 30% o risco de contrair gonorreia entre as pessoas que foram imunizadas, de acordo com um novo estudo publicado nesta segunda-feira (10/7) na revista científica The Lancet.

De acordo com os autores da pesquisa, é a primeira vez que uma vacina apresenta alguma proteção contra a gonorreia e os resultados fornecem um novo caminho para o desenvolvimento de uma vacina específica contra a doença.

Algumas linhagens da bactéria da gonorreia estão cada vez mais resistentes aos antibióticos disponíveis, tornando o desenvolvimento de uma vacina contra a doença uma prioridade global de saúde, segundo os autores do artigo. Até agora, depois de mais de 100 anos de pesquisas, todos os esforços para desenvolver uma vacina contra a gonorreia fracassaram.

No estudo, os cientistas analisaram os dados de uma campanha realizada entre 2004 e 2006, na qual cerca de um milhão de pessoas – o equivalente a 81% da população neozelandesa com menos de 20 anos – foram imunizadas com MeNZB, uma vacina de vesícula da membrana externa (OMV, na sigla em inglês) contra a meningite B.

De acordo com a autora principal do estudo, Helen Petousis-Harris, da Universidade de Auckland (Nova Zelândia), embora as duas doenças sejam muito diferentes em termos de sintomas e modo de transmissão, há uma coincidência genética de 80% a 90% entre as bactérias Neisseria gonorrhoeae e Neisseria meningitidis, o que resulta em um mecanismo de proteção cruzada

“Nossa descoberta fornece evidências experimentais e uma prova de princípio de que a vacina OMV para meningococos do grupo B pode oferecer uma proteção cruzada moderada contra a gonorreia. Essa é a primeira vez que uma vacina mostra qualquer tipo de proteção contra essa doença”, disse Helen.

“Até agora, ainda permanece desconhecido o mecanismo por trás dessa resposta imune que verificamos, mas nossa descoberta poderá ajudar a desenvolver futuras vacinas que possam proteger tanto contra meningite como contra gonorreia”, afirmou a cientista.

No novo estudo, os cientistas analisaram os dados 14.730 casos indivíduos de 15 a 30 anos de idade, vacinados ou não, sendo que 1.241 haviam sido diagnosticados com gonorreia, 12.487 com clamídia e 1.002 com ambas as doenças.

Entre os que haviam sido vacinados, a probabilidade de contrair gonorreia foi de 41%, enquanto entre os não vacinados foi de 51% Levando em conta fatores como etnia, condição social, área geográfica e gênero, os cientistas concluíram que ter recebido previamente a vacina MeNZB reduziu a incidência de gonorreia em aproximadamente 31%.

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