Guerra contra a desinformação. Boatos sobre causas do zika se espalham como o próprio vírus no Brasil
Notícias falsas sobre o vírus que tem assustado a população brasileira – e mundial – se multiplicam nas redes sociais. Em reportagem, jornal americano “New York Times” rebate teorias e alerta sobre prejuízo com a disseminação de dados incorretos
atualizado
Compartilhar notícia
O jornal americano “The New York Times” publicou nesta terça-feira (16/2) matéria sobre os rumores e as teorias de conspiração que a epidemia de zika inspirou. As redes sociais, afinal, não sofrem com a falta de pessoas que, sem nenhuma formação ou especialização, se acham autoridades em temas como doenças infecciosas, políticas públicas de saúde, genética e empresas multinacionais.
Uma das principais teorias é a de que a causa da microcefalia não seria o mosquito Aedes Aegypti, mas sim o larvicida pyriproxyfen, usado tanto para o controle de pestes agrícolas em plantações quanto para pulgas em animais domésticos. O rumor, iniciado por médicos argentinos, gerou uma proibição de uso desse produto no Rio Grande do Sul e até comentários no twitter do ator Mark Ruffalo, que, em 2016 concorre a um Oscar, mas nenhum prêmio de ciência ou medicina.
Para combater este boato, autoridades internacionais explicaram que o pyriproxyfen não atua no sistema nervoso, é usado há anos para tratar água potável sem nenhum surto de microcefalia registrado e, finalmente, o fato de que vários dos novos casos da doença foram detectados em locais onde o larvicida não foi usado.
Outra tese seria que a microcefalia é causada por vacinas como as de rubéola, catapora e caxumba. Embora nenhum médico defenda essa tese, o Ministério da Saúde está empenhando recursos e tempo para desmentir o boato. Uma população que não se imuniza corre o risco de ser vítima de outras epidemias. Além disso, essas imunizações não são aplicadas em mulheres grávidas – fato que torna esta conexão entre vacinas e zika muito difícil.
Finalmente, existe a paranoia de que mosquitos geneticamente modificados, criados pela empresa britânica Oxitec, são os verdadeiros responsáveis pela disseminação do vírus. Esses mosquitos, de fato, existem, mas não transmitem doenças. Em 2011, a Oxitec começou a disseminar os insetos do sexo masculino modificados por um gene que age durante a reprodução para deixarem estéreis todos os seus filhotes. Locais em que esta medida foi adotada viram as populações de mosquitos caírem em até 90%. Além disso, é necessário observar que mosquitos do sexo masculino não picam outras espécies, tornando ainda mais difícil de imaginar que eles são os responsáveis por espalhar o zika.
Combater esse tipo de boato é um passo importante para se vencer a guerra da desinformação. Um objetivo nada simples frente ao exército de internautas que compartilham notícias falsas nas redes sociais. Leitores devem prestar atenção não somente no que é dito, mas também por quem.