Bactéria da salmonella imita DNA e sabota células de defesa do corpo
Estudo revela que o patógeno consegue produzir seu próprio conjunto de proteínas para impedir ativação do sistema imunológico humano
atualizado
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Causadas pela ingestão ou manipulação de carne ou ovos mal cozidos, as infecções por bactérias salmonella afetam cerca de 100 milhões de pessoas no planeta. O caminho sempre é o mesmo: resultado de um conjunto de interações moleculares entre os bacilos e as células humanas resultam em cólicas abdominais, febre e diarreia.
Pesquisadores divulgaram um novo estudo nessa sexta-feira (28/9), no Journal of Biological Chemistry, onde relataram detalhes de como a salmonella interrompe um caminho imune à infecção, em um sofisticado mecanismo de sabotagem molecular.
Quando um patógeno do tipo infecta uma célula, esta ativa uma série de sinais para genes de outras, ativando respostas imunes protetoras, ou seja, um grupo de proteínas que ativam o sistema imunonólogico. No entanto, os pesquisadores descobriram que a salmonella é capaz de produzir seu próprio conjunto de proteínas, imitando o DNA da célula saudável, que impedem que isso aconteça.
“Estas (proteínas bacterianas) funcionam como um par de tesouras moleculares, cortando os fatores de transcrição NF-kappaB e, assim, sabotando a resposta imune das células infectadas”, explicou uma das supervisoras do trabalho, Teresa Thurston.
Essas proteínas de sabotagem, chamadas coletivamente de proteínas efetoras da metaloprotease de zinco, atuam de forma surpreendentemente delicada. Nas células humanas infectadas por Salmonella Enteritidis, existem cinco tipos diferentes de proteínas NF-kappaB, mas os efetores de Salmonella cortam apenas três deles, deixando os outros dois intocados.
A precisão com a qual isso ocorre é fortemente determinada pela maneira como os efetores bacterianos interagem com um único aminoácido nas proteínas NF-kapaB. A descoberta só foi possível após a equipe montar uma estrutura detalhada de 3-D deste quadro, tanto sozinho quanto em complexo com uma proteína NF-kappaB humana.